Auditoria não encontra irregularidades em contratos da Sete Brasil, diz depoente

CPI 16062015

O ex-presidente do Conselho Administrativo da Sete Brasil Newton Carneiro da Cunha afirmou à CPI da Petrobras nesta terça-feira (16) que auditoria contratada pela empresa, quando surgiram suspeitas de irregularidades e pagamento de propinas, não detectou indícios de corrupção nos contratos entre a Sete Brasil e a Petrobras. Ele disse que as auditorias foram contratadas antes mesmo das declarações do Pedro Barusco (ex-gerente da área de Serviços da Petrobras) em novembro de 2014.

Barusco afirmou em delação premiada que os estaleiros contratados pela Sete Brasil pagaram propina de 1% sobre os contratos, a ele e outros diretores da empresa.

Questionado pelo relator da CPI, deputado Luiz Sérgio (PT-RJ), o ex-presidente do Conselho Administrativo da Sete Brasil, que depôs como testemunha, explicou que a empresa foi criada com o objetivo de tirar da Petrobras a obrigação de custear a construção de 28 sondas de perfuração para exploração do petróleo do pré-sal e estimular a produção indústria naval.

“Na época, existiam no mundo apenas sete ou oito empresas que construíam essas sondas. Não tinha onde fazer isso no Brasil. O objetivo da Sete era induzir a indústria nacional, construir as sondas aqui e gerar empregos no setor. Além disso, a Lei do Conteúdo Nacional obrigava que até 55% das primeiras sondas e 65% das últimas tivessem conteúdo nacional”, explicou.

Recuperação – Newton Carneiro, também respondendo ao relator Luiz Sérgio, informou que a Sete Brasil, afetada economicamente pela Operação Lava Jato, está negociando com bancos privados financiamento da ordem de US$ 4 bilhões para retomar a construção de 17 sondas, que foram paralisadas ou que tiveram o ritmo reduzido desde que o BNDES suspendeu, no ano passado, financiamento de  US$ 18 bilhões. “O financiamento é importante para conclusão das sondas e também para a manutenção dos empregos, cerca de 150 mil”, afirmou.

Ainda respondendo ao relator Luiz Sérgio, o ex-presidente do Conselho Administrativo da Sete Brasil confirmou que existem interesses de empresas internacionais no insucesso do projeto de construção de sondas de perfuração para exploração do petróleo em águas profundas no Brasil.

“Com certeza, se não tivéssemos hoje esse projeto o Brasil estaria negociando com um cartel internacional para  a compra de sondas no Japão, Cingapura e Noruega”, acrescentou.

João Ferraz – Também na reunião desta terça-feira a CPI da Petrobras ouviria, como testemunha, o depoimento do ex-presidente da empresa Sete Brasil João Carlos de Medeiros Ferraz, acusado de receber propina de estaleiros contratados pela Petrobras. Como tinha Habeas Corpus, Ferraz não respondeu a nenhuma pergunta dos parlamentares, utilizando a sua prerrogativa de permanecer calado.

Vânia Rodrigues

Foto: Gustavo Bezerra/PT na Câmara
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