A criação de um currículo mais flexível, a divisão do conteúdo por áreas e o investimento na formação profissional dos estudantes foram algumas das sugestões apresentadas, nesta quinta-feira, (03), para a reforma do ensino médio. Durante a audiência, promovida na Assembleia Legislativa de Minas Gerais pela Comissão Especial de Reformulação do Ensino Médio da Câmara dos Deputados, presidida pelo deputado Reginaldo Lopes (PT-MG), também foram debatidas a necessidade de aumentar a atratividade e a permanência dos alunos.
Para Reginaldo Lopes, um dos erros do atual modelo é a priorização da memorização. Hoje, segundo ele, há um excesso de conteúdo. Por isso, para o parlamentar, o maior desafio é realizar uma reforma curricular que valorize áreas do conhecimento em vez de uma grande quantidade de disciplinas. Como solução, Reginaldo Lopes defendeu uma grade com disciplinas obrigatórias e optativas, ou seja, um currículo nacional, mas flexível. O presidente da comissão especial também defendeu o investimento em disciplinas que possam preparar o aluno para o mercado de trabalho.
Outro desafio, segundo o deputado petista, é a melhoria da infraestrutura, que não está, muitas vezes, adequada para o ensino, já que em muitas escolas faltam biblioteca, sala multimídia, áreas de convivência e para a prática de esportes.
Essa dificuldade pode ser comprovada pelos números apresentados durante a audiência. De acordo com a secretária adjunta de Estado de Educação, Maria Sueli de Oliveira Pires, apenas 65% dos estudantes brasileiros chegam ao ensino médio. Desse total, no primeiro ano, 16,8% são reprovados e 11,6% abandonam os estudos. Em Minas, 15,2%, ou seja, cerca de 26 mil alunos do 9º ano do ensino fundamental não chegam ao primeiro ano do ensino médio.
A secretária adjunta afirmou que é necessária uma mudança para um modelo de escola que atenda aos anseios dos jovens e apresentou o projeto Reinventando o Ensino Médio, do governo mineiro, para repensar o currículo das escolas estaduais. Um dos principais objetivos do projeto é preparar o aluno para a continuidade dos estudos e para o mundo do trabalho. Para que isso seja possível, o currículo escolar será composto por 2.500 horas para formação básica do aluno e 500 horas para formação específica, com conteúdos curriculares voltados para a empregabilidade.
Críticas – Sobre o projeto Reinventando o Ensino Médio, a presidente do Sindicato Único dos Trabalhadores em Educação, Beatriz Cerqueira, questionou que ele foi construído sem a participação dos professores. “O professor tem que ser reconhecido como sujeito de elaboração”, defendeu.
Beatriz elogiou a iniciativa da reunião, promovida pela Comissão Especial de Reformulação do Ensino Médio, que, segundo ela, pela primeira vez permitiu a pluralidade de ideias, realizando um debate entre professores, estudantes, Governo Estadual e Federal e o Legislativo Estadual.
A presidente da União Brasileira dos Estudantes Secundaristas (Ubes), Manoela Braga, disse que o ensino médio não corresponde às expectativas da comunidade escolar. Por isso, para ela, a escola precisa abandonar os formatos atuais e buscar novos modelos. Ela defendeu ainda que o currículo considere as diferenças regionais.
Participaram também das discussões os deputados estaduais Rogério Correia (PT-MG), Adelmo Carneiro Leão (PT-MG) e Paulo Lamac (PT-MG), que defenderam um maior reconhecimento e investimento nos professores.
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Foto: Assessoria Parlamentar