18ª fase da Operação Lesa Pátria chegou, nesta sexta-feira (29), ao general Ridauto Fernandes, suspeito de ser um dos idealizadores dos atos golpistas de 8 de janeiro;
A Polícia Federal executou, nesta sexta-feira (29), no Distrito Federal, um mandado de busca, apreensão e bloqueio de bens em mais uma etapa da operação Lesa Pátria. A nova fase teve como alvo o endereço de ninguém menos que o general Ridauto Lúcio Fernandes, suspeito de ser um dos idealizadores dos atos golpistas de 8 de janeiro e de ser participante da invasão das sedes dos Três Poderes. Além de atentar contra a democracia, os ataques terroristas que tiveram a presença do general Ridauto causaram danos ao patrimônio em torno de R$ 40 milhões.
Há farto material que comprova as ações de Ridauto pois o próprio gravou e divulgou vídeos durante os ataques terroristas em que diz que estava “arrepiado” com o que estava acontecendo. Em suas redes sociais ele defendeu um golpe de Estado e disse que “morreria e mataria” pelo Brasil. O militar teve armas, celular e passaporte apreendidos pela PF.
“18ª fase da Operação Lesa Pátria: PF faz buscas contra general da reserva em investigação sobre ataques de 8/1. Ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Ridauto Lúcio Fernandes é suspeito de organizar invasão aos Poderes”, postou o deputado Nilto Tatto (PT-SP) em seu Twitter.
18º fase da Operação Lesa Pátria:
PF faz buscas contra general da reserva em investigação sobre ataques de 8/1
Ex-diretor de Logística do Ministério da Saúde, Ridauto Lúcio Fernandes é suspeito de organizar invasão aos Podereshttps://t.co/ZbTtn11LH9 pic.twitter.com/fr6EJSAxmj— Nilto Tatto 🍀 na reconstrução do Brasil 🇧🇷 (@NiltoTatto) September 29, 2023
Os fatos investigados hoje, conforme nota da PF, “constituem, em tese, os crimes de abolição violenta do Estado Democrático de Direito, golpe de Estado, dano qualificado, associação criminosa, incitação ao crime, destruição e deterioração ou inutilização de bem especialmente protegido”. A PF suspeita da participação de forças especiais do Exército, da reserva e da ativa, na organização tática e no fornecimento de material para o ataque às sedes dos poderes, segundo a Folha de São Paulo.
O general Ridauto foi diretor de Logística do Ministério da Saúde, cargo que ocupou de julho de 2021 até dezembro de 2022, nas gestões de Eduardo Pazuello e Marcelo Queiroga, ex-ministros de Bolsonaro. Ele chegou a general de brigada no Exército e foi para a reserva após não ter sido promovido à terceira estrela, segundo a Folha.
Enquanto estava na ativa, Ridauto integrou as Forças Especiais do Exército. “O general foi um dos militares que visitaram na prisão o tenente-coronel Mauro Cid, ex-ajudante de ordens de Bolsonaro. À época, Ridauto afirmou que era uma visita pessoal”, informou o jornalista Igor Gadelha do site Metrópoles.
Em vídeo gravado no dia 8 de janeiro o general descreve que “o pessoal acabou de travar a batalha do gás lacrimogêneo”, que os policiais militares estavam “cumprindo ordens para defender o patrimônio” e que seriam “bem-intencionados”.
Assim como Bolsonaro, Ridauto formou-se na Aman (Academia Militar das Agulhas Negras) em 1987, mesma turma do general Gustavo Dutra e do coronel Adriano Camargo Testoni, “indiciado pelo próprio Exército por proferir ataques ao Alto Comando da Força durante as invasões aos Poderes”, segundo a Folha, que divulgou a fala de Testoni num vídeo feito por ele próprio. “Bando de generais filhos da puta. Covardes. Olha o que está acontecendo com a gente. [Ex-comandante] Freire Gomes, filho da puta. Alto Comando do caralho. Olha o povo, minha esposa”.
Durante a formação, o general da reserva decidiu tornar-se um Kid Preto, denominação dada aos militares que fazem cursos de Forças Especiais, uma espécie de tropa de elite do Exército, segundo a Folha. O jornal informou também que Ridauto chegou a ocupar cargos de chefia no Comando de Operações Especiais do Exército, em Goiânia, onde fica o principal centro de formação e emprego das tropas das forças especiais.
Procurado pela reportagem do site Metrópoles, o Exército informou que o militar encontra-se na reserva, “não ocupa cargo ou desempenha função na Força” e que não se manifesta sobre investigações em curso e em cargo de outros órgãos.
A ação de hoje da PF é a segunda desta semana da operação Lesa Pátria, que começou em 20 de janeiro. A primeira foi na quarta-feira (27), quando a PF cumpriu três mandados de prisão preventiva e 10 mandados de busca e apreensão na 17ª fase que prendeu Aildo Francisco Lima, vulgo Bahia e Basilia Batista, ambos de São Paulo, e Margarida Marinalva de Jesus Brito, do DF.
Aildo invadiu o STF dia 8 de janeiro e fez uma transmissão ao vivo nas redes sociais sentado na cadeira do ministro Alexandre de Moraes dia 8 de janeiro. Basilia Batista foi detida um dia após os ataques golpistas na Esplanada dos Ministérios, foi liberada mas a PF, segundo o site G1, tinha informações “localizadas e aprofundadas sobre o vandalismo da ‘reincidente’ no Congresso, e sobre seus planos de “incitar um golpe de Estado”. A advogada Margarida Marinalva de Jesus Brito (DF) foi acusada de esconder celulares de clientes e colegas para impedir que a PF tivesse acesso a troca de mensagens que poderiam comprometer os golpistas. Ela teria recolhido celulares de mais de 40 clientes de Sinop (MT), conforme o G1 divulgou.
CPMI do 8 de janeiro entra na reta final
A CPMI dos Atos Golpistas ouve na próxima terça-feira (3), às 9 horas, o empresário bolsonarista Argino Bedin, suspeito de financiar os ataques terroristas. Mais conhecido como “pai da soja”, Argino e família somaram 200 mil reais em doações para a campanha de Bolsonaro. Ele e mais três aparecem na lista do STF que determinou o bloqueio das contas devido à suspeita de financiamento de atos golpistas nas estradas.
O empresário de Sorriso-MT foi fotografado com Bolsonaro durante visita à cidade em setembro de 2020. Além de declarar voto, afirmou que “até debaixo d’água” defendia o governo Bolsonaro e que o período da ditadura militar trazia “segurança para toda a população e só não era bom para quem não queria trabalhar.”
Argino e família plantam cerca de oito mil hectares de soja, produção escoada para o Pará por meio da rodovia BR-163, que teve asfaltamento concluído no governo Bolsonaro. Sócio de pelo menos nove empresas ligadas ao setor agropecuário ou imobiliário, Argino já foi multado pelo Ibama por queimar vegetação nativa na Amazônia Legal, impedir a regeneração da mata e descumprir os embargos do órgão ambiental.
Oito pessoas com sobrenome Bedin e a empresa Sorriagro Insusmos Agrícolas, que pertence à família, foram identificadas com caminhões nos protestos dos inconformados com a derrota de Bolsonaro.
Na quinta (5) será a vez de Beroaldo José de Freitas Júnior, policial militar do Distrito Federal. PM/DF promovido a subtenente devido à sua bravura ao combater os terroristas dia 8 de janeiro. Segundo o jornalista Aguirre Talento do portal UOL, Beroaldo estava no Palácio do Planalto no momento da chegada dos terroristas e relatou que ele e os colegas pediram ajuda ao Exército quando foram obrigados a recuar devido à violência dos bolsonaristas.
Como ele e os colegas eram poucos diante do número de terroristas, ele pediu ajuda ao pelotão do Exército que respondeu que não poderia fazer nada, nem mesmo abrir a grade para que o Pelotão de Choque pudesse se abrigar e diminuir, mesmo que de forma precária, “o ataque ferrenho que enfrentávamos”, escreveu o jornalista cuja fonte foi o relatório na Corregedoria da PM-DF, que completou que Beroaldo então chutou uma grade de proteção do Planalto para abrigar a tropa e salvar os PMs de um “massacre certo”.
Beroaldo teve que ser duro com o comandante da tropa do Exército, apontando a “frouxidão” dos soldados diante do ataque da horda bolsonarista. “Fui compelido a tomar algumas atitudes para o oficial à frente da tropa do Exército e falei em alta voz para que comandasse sua tropa e parasse de ‘frouxura’”, relatou o jornalista.
Da Redação da Agência PT