Atores denunciam golpe no Brasil durante sessão de gala em Cannes

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O golpe que afastou do cargo a presidenta eleita, Dilma Rousseff, foi motivo de protesto nesta terça-feira (17) na sessão de gala do filme brasileiro “Aquarius”, que concorre à Palma de Ouro no Festival de Cannes (França) deste ano.

A equipe do filme brasileiro, com o diretor Kléber Mendonça Filho e os atores Humberto Carrão e Maeve Jinkings à frente, exibiram cartazes em inglês e francês no topo da escadaria que leva ao Palácio dos Festivais denunciando o golpe articulado por Michel Temer. “O mundo não pode aceitar este governo ilegítimo”, “Um golpe está acontecendo no Brasil”, “54.501.118 de votos foram queimados”, “Misóginos, racistas e impostores como ministros” e “Dilma, vamos resistir com você” foram alguns dos cartazes levados pelos artistas.

Por orientação do diretor do Festival de Cannes, Thierry Fremaux, a equipe do evento filmou o protesto. Já na sala de exibição, os convidados do filme estenderam uma faixa pedindo que o golpe fosse paralisado no Brasil (em inglês, “Stop the coup in Brazil”). Na sala de imprensa do festival, os jornalistas aplaudiram a manifestação.

Antes do protesto, Kléber Mendonça Filho, que também dirigiu o filme “O Som ao Redor”, e a atriz Sonia Braga, protagonista de “Aquarius”, deram entrevistas criticando o golpe de Estado no Brasil. O diretor disse não ter dúvidas de que se trata de um golpe de Estado, enquanto a atriz revelou preocupação com a manipulação das informações e com a divisão do país.

“Penso que o que está acontecendo, a manipulação da tomada do poder, tem que ser exposto ao mundo inteiro”, afirmou a Sonia Braga. “Uma das coisas que mais me preocupa é como o Brasil está dividido. Nunca havia visto o meu país tão dividido.”

“É um paradoxo tão grande estar em Cannes representando o cinema nacional nesse momento”, disse a atriz Maeve Jinkings, que vive a filha de Sonia Braga no filme. “Existe um trabalho colossal por trás dessa seleção do filme em Cannes. O cinema só está produzindo uma média de 130 longas por ano porque tivemos leis de incentivo. Na última vez em que sofremos um grande baque, na era Collor, produzimos um ou dois filmes por ano apenas. Não podemos nunca voltar a isso.”

Das agências

 

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