Parlamentares, lideranças políticas, personalidades do meio artístico e representantes dos movimentos ambiental e indígena transformaram Marabá (PA), nesta quinta-feira (17), em capital da defesa do Meio Ambiente e dos povos da Amazônia. “Diante dos ataques ao meio ambiente, do capital predador, dos ataques aos territórios dos povos da Amazônia e do discurso oficial do governo brasileiro, que autoriza esses ataques, foi necessário reagir, resistir e lutar pela nossa soberania, pelo meio ambiente e pelos povos da Amazônia”, afirmou o deputado Airton Faleiro (PT-PA), coordenador do Fórum Nacional Permanente em Defesa da Amazônia.
Na abertura do evento, que prossegue durante todo o dia de hoje, Airton Faleiro explicou que o fórum – composto por 6 partidos de oposição e por 3 frentes parlamentares, pelas principais organizações ambientalistas do Brasil, pelas organizações populares e sindicais, pela academia e pela ciência – foi construído recentemente para contrapor e resistir ao desmonte que o governo Bolsonaro pretende fazer na área ambiental.
Ao lado do cacique caiapó Raoni Metuktire, o deputado Faleiro destacou ainda o ato realizado pelo fórum no dia 25 de setembro, na Câmara dos Deputados, para receber Raoni, que tinha sido atacado pelo presidente Bolsonaro no evento da ONU.
O deputado José Ricardo (PT-AM) participou do evento e citou que o Amazonas não só é o maior estado do Brasil, mas também tem a maior quantidade de povos indígenas. “Fala-se muito que é um estado preservado, devido à Zona Franca de Manaus. Mas nós temos lá, hoje, uma situação que deixa alarmados todos os povos indígenas, ribeirinhos e os mais pobres, porque esse governo Bolsonaro é um governo de desmonte, de destruição”, lamentou.
José Ricardo destacou que o governo Lula tratou o povo da Amazônia, os indígenas e os que mais sofriam com carinho. “Infelizmente agora temos um governo inimigo dos povos da Amazônia. A gente está vendo aí a destruição de órgão públicos importantes que defendem o povo, que defendem os indígenas. Estão querendo destruir, acabar, cortando recurso até mesmo das universidades, das instituições de pesquisa”, denunciou.
No Amazonas, segundo José Ricardo, vários povos já estão sentindo isso. Ele citou que Maués, os Saterês-mauês, tem suas terras invadidas por madeireiros, no Alto Rio Negro. “É uma luta eterna, e agora está se intensificando, no Alto Solimões, principalmente no Vale do Javali, onde nós temos o menor IDH deste País, no estado do Amazonas, e os povos sofrendo também em Umaitá, os Penharins. Portanto é uma luta agora que vai precisar de muita unidade”, defendeu.
Desmatamento
José Ricardo falou ainda da preocupação com o desmatamento e com as queimadas. “É resultado desse desgoverno, porque agora não tem mais fiscalização. Fecharam unidades do Ibama no estado do Amazonas, fecharam, portando, estruturas, que se já eram ruins, agora piorou, no sentido de garantir direitos e coibir os abusos”, lamentou. Segundo o deputado, o ano nem terminou e todas as estatísticas mostram o crescimento de desmatamento, de queimadas, de menos multas para aqueles que estão agredindo o meio ambiente.
“Portanto, a gente se soma a todos e todas que estão nessa luta, é necessário realmente estarmos unidos e ao mesmo tempo lutando para combater injustiças, as violências. E aqui eu termino lembrando uma das maiores injustiças que nós estamos vivenciando, que é a prisão ilegal, sem provas, a perseguição ao ex-presidente Lula, que tanto lutou e tanto fez pelos povos indígenas. Portanto, vamos continuar a luta. Lula Livre!”, pediu.
O deputado Célio Moura (PT-TO) reforçou o grito por Lula livre, destacando feitos dos governos do PT pelos povos indígenas e ribeirinhos e em defesa do meio ambiente, da democracia e da soberania nacional. Ele homenageou ainda companheiros que morreram em defesa da Amazônia como Paulo Fonteles, Gabriel Pimenta, João Batista e Padre Josimo.
“Hoje, Marabá é capital da defesa da Amazônia no Brasil e no mundo. Tem Sínodo para a Amazônia, em Roma, em defesa da floresta e do meio ambiente e isso tudo vai chegar ao Palácio do Planalto, vai chegar a esse presidente que não gosta do povo, que não gosta da floresta, que não gosta de trabalhador e nem da gosta democracia”, concluiu.
Luta contra a exploração
O senador Paulo Rocha (PT-PA) também participou do evento e saudou os defensores do meio ambiente na pessoa do cacique Raoni, “que representa todos os povos indígenas, povos que resistem ao ataque dos poderosos há mais de quinhentos anos em nosso País”. O senador enfatizou que a elite brasileira sempre usou esses métodos que estão sendo usados agora para retomar o poder para a mão deles. “Foi assim, mais recente, em 64, quando eles usaram as armas dos militares, para ganhar o poder e implementar a continuidade da política de exploração e acumulação de riquezas no nosso País”, lamentou.
O senador lembrou que o povo reagiu, foi para as ruas resgatar a democracia. “Foi assim que nós elegemos Lula para se tornar o maior e melhor presidente deste país. E foi através de governos populares e democráticos que estabelecemos políticas públicas para levar dignidade e cidadania para aqueles que não tinham”, afirmou. Paulo Rocha alertou ainda que o Brasil vive hoje, de novo, uma ditadura do poder econômico internacional que usa os seus representantes aqui para poder implementar de novo um modelo de um processo escravocrata em nosso País.
“Por isso, estão destruindo tudo. O Bolsonaro é um destruidor das nossas riquezas para entregá-las ao capital internacional. É destruidor das nossas conquistas e dos nossos direitos, é destruidor dos povos da floresta, dos indígenas. Por isso, esse fórum serve para unir nossos interesses e nossas forças para dar um basta a essa situação e para reconstruirmos uma sociedade mais justa e democrática”, afirmou.
Veja ao vivo a transmissão do evento:
Vânia Rodrigues