A Associação Latino-Americana de Juízes do Trabalho (ALJT) divulgou nota à imprensa na segunda-feira (30), em que manifesta preocupação com a “possível utilização do Poder Judiciário do Brasil para a perpetração do golpe de estado em curso no país” e critica a parcialidade de Gilmar Mendes, ministro do Supremo Tribunal Federal (STF), diante das revelações que desnudaram o golpe. Para as entidades, o comportamento de Mendes é “ofensivo ao dever de imparcialidade imposto à magistratura”.
A nota afirma que o ministro é “incansável no propósito de ostentar o seu papel hegemônico no Poder Judiciário, sem receio de revelar a condução político-partidária que imprime à sua atuação de magistrado, seja com declarações prévias de condenação às partes cujas demandas lhe são submetidas, caso integrantes de uma corrente política, ou na complacência em relação a outras, integrantes da corrente contrária”.
Segundo a entidade de magistrados, o conteúdo das conversas reveladas nas gravações de Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro e apontado como operador do PMDB no esquema da Lava Jato, “parece evidenciar que a Chefe de Estado está sendo apeada do poder exatamente por ser elemento de garantia da independência e da autonomia do Ministério Público e do Poder Judiciário nas investigações e, o pior, sob a cínica justificativa de combate à corrupção”, repele a entidade de magistrados em referência à divulgação dos áudios do ex-presidente da Transpetro Sérgio Machado.
A associação, que é presidida por Hugo Cavalcanti Melo Filho, criticou ainda a reação do Supremo Tribunal Federal, que usou dois pesos e duas medidas quando tratou das gravações que revelam um pacto para o impeachment e barrar a Lava Jato e a conversa do ex-senador Delcídio do Amaral, que resultou na prisão do senador cassado.
“Causa estranheza à ALJT a reação do Supremo Tribunal Federal às referências de pacto envolvendo a Corte e, ainda mais, de conversas supostamente já havidas com diversos de seus membros, principalmente se cotejada com as providências que se seguiram ao vazamento das gravações do diálogo entre o então senador Delcídio do Amaral com o Sr. Bernardo Cerveró, no momento em que parte da imprensa informa que alguns – ou todos – os ministros do STF teriam sido criminosamente grampeados”, diz a nota.
(Site Vermelho)