Foto: Salu Parente/PT na Câmara
O deputado Assis do Couto (PT-PR), em pronunciamento nesta terça-feira (4), defendeu a aprovação do projeto de lei (PL 7123/10) que cria a Estrada Parque Caminho do Colono, matéria de sua autoria já aprovada na Câmara e agora tramitando no Senado Federal na forma do PLC 60/13.
O parlamentar lembra que a estrada – que atravessa o Parque Nacional Iguaçu, na região sudoeste do Paraná – existe desde o século XIX, quando servia de caminho indígena que posteriormente foi utilizado por colonos. A estrada foi importante também no processo de demarcação de fronteiras e por ela passou até a Coluna Prestes, em 1925.
A estrada encontra-se fechada desde 2001 por decisão da Justiça Federal, mas isso não contribuiu para a proteção ambiental da região, segundo o parlamentar, que compara a situação do Parque Iguaçu com o seu similar em terras argentinas. “Do lado brasileiro, que é um parque bem maior que o argentino, [existem] apenas 76 espécies [de mamíferos]. Do lado argentino, que tem estrada, tem turismo, 118 espécies de mamíferos. Eu estou dizendo isso para mostrar à sociedade que o fechamento da Estrada do Colono, no Parque brasileiro, só piorou a situação ambiental”, afirma Assis do Couto.
“Se esse era o argumento para o fechamento da estrada, de 1997 para cá nós temos uma situação dramática no Parque Nacional do Iguaçu do ponto de vista ambiental”, complementou.
O parlamentar diz que os turistas brasileiros do Rio Grande do Sul e de Santa Catarina que visitam as Cataratas do Iguaçu têm que usar a “Ruta 101” da Argentina. “E lá, claro, deixam suas economias, fazem seus gastos, passam suas férias, porque do lado brasileiro há um limitante. O parque argentino tem estrada, tem turismo, tem o título da UNESCO e o nosso parque não tem estrada e está jogado nas mãos de caçadores e tiradores de palmito”, lamenta Assis.
“O incentivo à visitação dos parques poderia injetar, até 2016, 1,8 bilhão de reais na economia brasileira se os parques fossem abertos à visitação da população. Portanto, nós temos aí um grande potencial turístico e econômico para não só a população local, mas também para todo o País”, acrescenta o deputado.
As tentativas de trancamento da via geraram conflitos entre o governo e as comunidades locais. Assis do Couto recorda ainda que os documentos que apontaram a necessidade de fechamento da estrada foram elaborados entre 1979 e 1981, durante a ditadura militar, e defende o direito de uso da via pelas populações do sudoeste e oeste do Paraná, que somam hoje quase 3 milhões de habitantes.
“Depois de tantos conflitos, de tanta violência, que seja devolvida a esta população esse caminho histórico, que, como já relatei aqui, não só décadas, mas há séculos de existência fora fechado naquele momento sombrio da história brasileira”, propõe o deputado.
Por fim, Assis do Couto considera que a discussão não se restringe apenas à Estrada do Colono, mas se relaciona com aquilo “que acontece no mundo inteiro” e, inclusive, na região fronteiriça da Argentina. “Que esse exemplo de estradas parque que o mundo inteiro tem seja também implantado no nosso querido Brasil”, concluiu o parlamentar.
Rogério Tomaz Jr.