A força do trabalho da agricultura familiar somada ao acesso ao crédito e à assistência técnica transformou a Fazenda Larga, a 70 quilômetros de Brasília, em assentamento da reforma agrária referência no País. O ministro do Desenvolvimento Agrário (MDA), Miguel Rossetto, e o presidente do Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra), Carlos Guedes, visitaram as 83 famílias que vivem no local. Eles ouviram os agricultores familiares e conheceram de perto as boas práticas de produção desenvolvidas nas propriedades.
A visita foi uma homenagem ao Dia do Agricultor, celebrado na última segunda-feira (28). “Esse assentamento, aqui no Distrito Federal, é um assentamento vitorioso, de homens e mulheres sem-terra que, a partir de 2003, tiveram terra e se organizaram. Receberam assistência técnica, o apoio do Governo Federal, e, hoje, dão exemplo de produção de alimentos de qualidade que abastecem Brasília e geram renda para as famílias”, explicou Rossetto.
Para o presidente do Incra, o assentamento mostra como a integração das políticas públicas – acesso à terra, infraestrutura, assistência técnica e crédito – promovem a qualidade de vida e o aumento de renda das famílias que vivem campo. “Avançamos para que as famílias possam ter não só a terra, mas ter moradia digna, condições de produzir”, endossou. “E aqui, o assentamento Fazenda Larga, é um exemplo claro disso. Esse é o melhor modelo de reforma agrária que queremos e que estamos fazendo no Brasil”, acrescentou.
O presidente da Associação dos Produtores Rurais da Fazenda Larga (Aprofal), Jair Francisco, apresentou o trabalho das famílias que produzem, principalmente, pimentão, tomate e pepino. Mas que já avançam para piscicultura e para a produção de mel. “Acho honroso e valioso a gente produzir o que consome e ainda garantir renda. Se, hoje, isso é possível, é graças à assistência técnica que nos orientou na elaboração dos projetos para acessar o crédito”, contou.
Após tomarem um café da manhã, o ministro e o presidente visitaram uma casa construída por meio do programa Minha Casa, Minha Vida Rural, conheceram o tanque de produção de peixes (tilápias, surubim e tambaqui), o cultivo do pimentão em estufas e conversaram e ouviram as demandas dos agricultores familiares. “O trabalho de vocês não muda somente a vida das suas famílias, da comunidade, mas a do povo da cidade também, ao oferecer produtos de qualidade”, disse o ministro.
Para garantir essa qualidade, os agricultores familiares do assentamento contam com as melhores tecnologias – irrigação, caminhões, tratores, maquinários e estufas. O acesso se dá por meio do crédito para agricultura familiar – com financiamento a juros baixos – e com apoio da assistência técnica.
O governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz, o secretário de Agricultura do DF, Lúcio Valadão, e o presidente da Emater/DF, Marcelo Piccin, também participaram da visita.
O extensionista Joselito Pereira de Souza, da Empresa de Assistência Técnica e Extensão Rural do Distrito Federal (Emater/DF), trabalha há 11 anos com as famílias do Assentamento Fazenda Larga. “Quando eu cheguei aqui, a maioria não tinha conhecimento de produção. Ganhava dinheiro como eletricistas, pedreiros, carroceiros. Os barracos eram de lona”, recordou.
O agricultor familiar Davi de Jesus, 40 anos, era uma dessas pessoas. Em 2003, ele ganhava a vida como catador de lixo nas ruas de Planaltina (DF), cidade próxima do local. Se antes, ele não tinha o que comer, hoje, o alimento é garantido. “Minha vida melhorou mil vezes. Só de saber que tenho o que comer, já fico sossegado”, disse o agricultor familiar, pai de três filhos, que chega a comercializar 400 caixas de verduras por semana.
Davi produz tomate e pimentão em uma propriedade de 2,8 hectares. Chega a fazer duas viagens por semana para levar os produtos até Brasília. Em cada viagem, segundo ele, são 200 caixas cheias de alimentos. O percurso é feito no caminhão dele, adquirido pelo programa Mais Alimentos.
Ministério do Desenvolvimento Agrário com PT na Câmara