O artista plástico Enio Squeff doou um quadro à campanha da família e de amigos do José Genoino para ajudar na arrecadação de contribuições e pagamento da multa à qual o ex-deputado e ex-presidente do PT foi condenado a pagar na Ação Penal 470. “Estou doando esse quadro com muito orgulho e espero que ele seja leiloado, seja lá por quanto for, e que vá para o Genoino. Mesmo porque essa multa é totalmente extemporânea”, explica Squeff, nascido em Porto Alegre (RS) e radicado em São Paulo.
Iniciada no dia 9, a campanha arrecadou até a noite de segunda-feira (13) R$ 201 mil e precisa chegar a R$ 667.513,92 (em valores atualizados) até 20 de janeiro.
“Faço isso porque, em primeiro lugar, quero ajudar o José Genoino, um homem de bem que foi injustamente condenado. E em segundo, porque acho que tenho que ajudá-lo. A longa militância, o sofrimento dele por esse País merece isso, e muito mais”, explica Enio Squeff.
Ele se diz preocupado com as consequências do julgamento da AP 470 e com o papel do Supremo Tribunal Federal (STF) como um “tribunal de exceção” no Brasil. “O STF está tão comprometido, que acho muito difícil ele fugir da pecha que lhe está pesando, de ser um tribunal de exceção, um tribunal parcial, a favor da oposição no Brasil. Sinceramente, me preocupa muito, como cidadão brasileiro. Eu vivi sob a ditadura, me livrei por pouco de ser preso e torturado, como várias pessoas foram, como o Genoino. E é isso que temos hoje: uma reiteração dos tribunais de exceção da ditadura, quando o sujeito era condenado pelas ideias que tinha.”
Para o artista plástico, o julgamento da AP 470 foi um “grande teatro” e não só Genoino, como o ex-ministro-chefe da Casa Civil José Dirceu, foram condenados sem provas. “A mais alta corte do País condena alguém sem prova alguma e uma pergunta que eu faço é: quanto foi que o José Dirceu roubou? É a primeira vez que eu vejo alguém ser condenado como chefe de quadrilha e eu não sei quanto ele roubou. A mesma coisa o Genoino.”
“Não se sabe por que José Dirceu foi condenado. Também não se sabe por que está trancafiado sendo que tem direito ao regime semiaberto”, acrescenta.
Enio Squeff esclarece que seu gesto não é partidário. “Não sou do PT, quero deixar claro. Não que tenha alguma coisa contra o PT, mas digo isso porque (a doação do quadro) não faz parte de uma militância partidária. É uma admiração que tenho por um homem que lutou pelo País e está sendo injustiçado.”
Quadro – A obra doada faz parte de uma série com as estrofes do Hino Nacional e se refere ao trecho “deste solo és mãe gentil/Pátria amada Brasil”. Seu valor é calculado em R$ 6 mil. Mostra uma mãe com uma criança, sobre um morro, e embaixo uma favela que se estende até a cidade.