Pedro Uczai lembra Tancredo e analisa postura conspiratória do neto Aécio Neves

PedroUczaientrevista
Foto: Gustavo Bezerra
 
Em artigo, o deputado Pedro Uczai (PT-SC) analisa os 30 anos da morte de Tancredo Neves e a postura “conspiratória” de seu neto, Aécio Neves comparando-o a Carlos Lacerda, algoz de ex-presidentes da República como Getúlio Vargas. “Assistimos a seu neto, Aécio Neves, conspirar  numa aliança mórbida com as mesmas forças políticas antidemocráticas e a mesma imprensa golpista do passado, que levaram o Brasil a 21 anos de ditadura. Inventar libelos jurídicos sem o menor fundamento, tentar manipular a opinião pública e jogar o povo contra o governo, convocar manifestações pela derrubada da Presidenta Dilma, eleita democraticamente”.
Uczai também analisa o isolamento de Aécio.  Leia a íntegra do artigo publicado orginalmente no Site 247:
 
 
O isolamento de Aécio Neves
 
Pedro Uczai*
 
Tancredo Neves, avô de Aécio Neves, ao qual ensinou os primeiros passos na política, se vivo, talvez não reconhecesse o neto ao vê-lo numa obsessiva cruzada por um golpe contra a Presidenta Dilma, tomado pelo espírito conspirador do “Corvo”, assim chamado, Carlos Lacerda, algoz dos ex-presidentes Getúlio Vargas, Juscelino Kubitschek e João Goulart.
 
Tancredo Neves era um homem conservador, mas sensato, amante do diálogo e da conciliação. Pautou sua vida política na defesa da democracia.
 
Viu de perto a conspiração liderada por Carlos Lacerda para a derrubada de Vargas, do qual foi ministro da Justiça e Negócios Interiores.
 
Viu Carlos Lacerda enxovalhar o governo com acusações de corrupção, rotulá-lo de “mar de lama”. Viu Vargas se deprimir moralmente sob ataques impiedosos e se matar.
 
Ao completar 30 anos da morte de Tancredo Neves, assistimos a seu neto, Aécio Neves, também conspirar – numa aliança mórbida com as mesmas forças políticas antidemocráticas e a mesma imprensa golpista do passado, que levaram o Brasil a 21 anos de ditadura. Inventar libelos jurídicos sem o menor fundamento, tentar manipular a opinião pública e jogar o povo contra o governo, convocar manifestações pela derrubada da Presidenta Dilma, eleita democraticamente.
 
Mas, nessa escalada pelo impeachment, Aécio Neves e seus seguidores estão sendo cada vez mais isolados. A aposta no quanto pior melhor, nos factoides semanais, alardeados por ele, como o parecer do TCU sobre as tais “pedaladas fiscais”, estão caindo em descrédito.
 
O “caos econômico-financeiro” construído pela oposição e por comentaristas da imprensa alinhados a ela, repetido à exaustão, não veio. Dados do Banco Central dão sinais de que o pior momento da economia já passou e as projeções para o segundo semestre são bem melhores.
 
Em fevereiro, a prévia do PIB indicou surpreendente alta de 0,36%, quando o projetado era de 0,20%. As ações da Petrobras dispararam, acumularam alta de 40%, em abril. O investimento direto superou US$ 4 bilhões, na primeira quinzena de abril. Outras instituições, que trabalham com outros indicadores, como a indústria de papelão, transporte de cargas, consumo de energia, registram dados bastante positivos.
 
Uma decisão do TCU deu mais segurança aos acordos de leniência, que já estão sendo negociados por várias empresas, entre outras, SBM, OAS, Engevix, UTC e Galvão Engenharia. Isso indica que o setor de engenharia, óleo e gás se prepara para recuperação.
 
Aécio Neves, com seu ímpeto udenista, parece não encontrar mais apoio aos seus desígnios, nem no parecer encomendado ao jurista Miguel Reale nem do ex-presidente Fernando Henrique, líder maior do seu próprio partido, que declarou não haver fundamentos nas tentativas do senador, de encontrar algo de errado na gestão da Presidenta Dilma que possa incriminá-la e impedi-la.
 
Os últimos fatos indicam que o PSDB rachou. Uma parte quer se despir das indumentárias golpistas, se afastar das brumas fascistas que estão turvando as ruas.
 
Tenta se desvencilhar da aura obscurantista reforçada nas últimas candidaturas de José Serra e Aécio Neves à Presidência da República, quando o partido passou a andar de braços dados com setores da extrema direita, hoje nas praças, em manifestações pelo impeachment da Presidenta Dilma, sem nenhuma base legal.
 
Aécio Neves não aceita o resultado das urnas, se posiciona na contramão da história, mostra-se indiferente às referências do avô.
 
Parece não se dar conta que nossa democracia tem demonstrado não haver mais lugar para arroubos golpistas e que ela veio para ficar, para superar o conservadorismo, as desigualdades, afirmar a cidadania, construir a nação sonhada, com liberdade e justiça.
 
*Pedro Uczai é deputado federal (PT-SC) e ex-prefeito de Chapecó (SC) 
 

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