Em artigo, o deputado Newton Lima (PT-SP), eleito recentemente para presidir a representação brasileira no parlamento do Mercosul (Parlasul), discorre sobre a importância do bloco. “É preciso que colaboremos para que os nossos países agilizem o estabelecimento da moeda comum para o comércio e institucionalizem a “Universidade do Mercosul”, diz o texto.
Leia a íntegra:
Parlasul como protagonista
Newton Lima*
Minha eleição para presidir a Representação Brasileira no Parlamento do Mercosul (Parlasul), no dia 21 de maio, ademais da honra pessoal de representar o Congresso Brasileiro no bloco comercial sul-americano, demonstrou a confiança em mim depositada pelos meus pares, senadores e deputados de vários partidos.
A Representação Brasileira é formada por 27 deputados e 10 senadores. Sua missão é representar os Estados Parte nos assuntos concernentes ao bloco e contribuir para a integração dos povos irmãos, promovendo audiências públicas e apreciando e emitindo pareceres sobre matérias de interesse do Mercosul. A diretoria brasileira é composta por mim na presidência e pelo deputado Renato Molling (PP-RS) e o senador Paulo Bauer (PSDB-SC), como vice-presidentes.
Apresentei como proposta central para o biênio 2013/2014 trabalharmos pela reativação do parlamento e uma maior aproximação com o Itamaraty. Além disso, é preciso que colaboremos para que os nossos países agilizem o estabelecimento da moeda comum para o comércio e institucionalizem a “Universidade do Mercosul”.
O Parlasul tem todas as condições de ser mais ativo e protagonista no processo de consolidação do bloco comercial, auxiliando os países membros a superar as dificuldades econômicas e ganhar mais competitividade no cada vez mais acirrado mercado mundial. Para tanto, é urgente e estratégico a reintegração do Paraguai e a entrada, em definitivo, da Venezuela. Somente com o Mercosul reorganizado teremos condições de melhorar o desenvolvimento de nossos países e fortalecê-los diante dos demais blocos comerciais, que vieram para ficar.
Ao compararmos o bloco formado por Chile, Colômbia, Peru e México – a Aliança do Pacífico – com 209 milhões de habitantes, PIB conjunto de US$ 2 trilhões (35% da América Latina), enquanto o Mercosul (contando com a Venezuela) reúne 279 milhões de pessoas, PIB de US$ 3,3 trilhões (58%), constatamos que as perspectivas para o Mercosul são as melhores possíveis. Somos o quarto maior PIB mundial. Os impasses políticos precisam ser superados, só assim implantaremos a tão sonhada livre circulação de mercadorias, serviços e pessoas, além de instituirmos tarifas e políticas comerciais comuns para terceiros países.
Em recente passagem pelo Senado argentino, onde recebeu oito títulos de Doutor Honoris Causa, o ex-presidente Lula disse que cabe aos Poderes Legislativos ampliar a integração latino-americana. Com a autoridade de quem quadriplicou o saldo comercial entre os países da América Latina e Caribe (de R$ 2 bilhões em 2002 para R$ 8 bilhões em 2010), Lula destacou a boa relação entre os chefes de Estado da região, mas ressaltou a necessidade de mais agilidade na aprovação de projetos bilaterais.
Nos últimos dez anos, a América Latina deu um salto histórico. A democracia hoje é regra na região e seus países vivem avanços sociais, com redução da pobreza e da desigualdade social, mas é preciso avançar mais.
*Deputado federal (PT-SP), ex-prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar