Em artigo publicado nesta segunda-feira (28) no jornal O Globo, o deputado Josias Gomes (PT-BA) defende a posição do governo brasileiro frente ao atual conflito interno na Venezuela.
‘’As relações entre Brasil e Venezuela são pautadas pelos interesses de longo prazo dos dois países, e não por idiossincrasias políticas e ideológicas de governos específicos’’, afirma o parlamentar, em posição contrária à do jornal carioca, que questiona o governo Nicolás Maduro e apregoa a suspensão do país vizinho do Mercosul.
‘’ É do interesse do Estado brasileiro, e do próprio Mercosul, uma Venezuela próspera, democrática e pacificada’’, afirma Josias. Ele observa que há uma oposição combativa, que critica diuturnamente o governo venezuelano, e pontua: ‘’ Dizer que a Venezuela é uma ditadura é má-fé intelectual.” Para Josias Gomes, ‘’não se pode admitir que um governo legitimamente eleito seja deposto ou inviabilizado por uma violenta campanha de desestabilização, à margem da ordem constitucional venezuelana’’. Leia o artigo:
’Em defesa da democracia:
As relações entre Brasil e Venezuela são pautadas pelos interesses de longo prazo dos dois países, e não por idiossincrasias políticas e ideológicas de governos específicos. As relações com a Venezuela começaram a adensar-se com a assinatura do Protocolo de La Guzmania, no governo Itamar Franco, e foram se aprimorando ao longo dos anos, com a exploração de características econômicas complementares e a implementação de grandes projetos conjuntos, como a interligação de redes elétricas e a construção de estradas entre os dois países. A entrada da Venezuela no Mercosul, no governo Lula, foi apenas a culminação dessa aproximação.
São esses sólidos interesses que continuam a pautar a posição do Brasil frente ao atual conflito interno venezuelano. É do interesse do Estado brasileiro, e do próprio Mercosul, uma Venezuela próspera, democrática e pacificada. Isto implica, em primeiro lugar, defender a democracia venezuelana, em consonância com o Protocolo de Ushuaia e o Protocolo de Montevidéu (Ushuaia II), que condenam quebras da ordem democrática em qualquer membro do Mercosul.
Alguns argumentam que a ordem democrática venezuelana já foi quebrada e que o governo de Nicolás Maduro é uma “ditadura”. Discordamos. A última vez que houve quebra da ordem democrática na Venezuela foi quando do golpe contra Hugo Chávez, em 2002.
Maduro, assim como Chávez, foram legitimamente eleitos em pleito transparente e limpo, elogiado por observadores internacionais. Há liberdade de imprensa, de reunião e manifestação. Há uma oposição combativa, que critica diuturnamente o governo venezuelano. Dizer que a Venezuela é uma ditadura é má-fé intelectual.
O que não se pode admitir é que o governo legitimamente eleito seja deposto ou inviabilizado por uma violenta campanha de desestabilização, à margem da ordem constitucional venezuelana, que estabelece claros mecanismos institucionais para a eventual deposição de presidentes. Tal campanha de violência e caos, orquestrada por setores radicalizados e minoritários da oposição venezuelana, é que representa nítida ameaça à ordem democrática da Venezuela.
O interesse numa Venezuela próspera e estável implica contribuir para o diálogo democrático e a pacificação do processo político. É isto que o Brasil, o Mercosul e a Unasul vêm fazendo, de forma madura e responsável.
O Brasil deu firme apoio à ordem democrática e ao diálogo político pacífico proposto pelo presidente Maduro, ao qual aderiram os setores racionais e majoritários da oposição venezuelana, liderados pelo governador Henrique Capriles.
Josias Gomes é deputado federal (PT-BA) e integra a Comissão de Relações Exteriores da Câmara’’
Artigo publicado originalmente no jornal O Globo, edição do dia 28 de abril de 2014
Equipe PT na Câmara