Fernando Marroni: “A Cuba que eu vi”

Marroni Salu
 
Em artigo, o deputado Fernando Marroni (PT-RS) relata suas impressões sobre Cuba, onde esteve na semana passada acompanhando uma missão de parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT). Lá pode conhecer o Centro de Imunologia Molecular (CIM) – referência mundial na produção de medicamentos contra o câncer, o porto de Mariel e parte das redes de ensino e saúde do país. “Aqui é preciso registrar que os efeitos do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, desde 1962, são evidentes em todos os cantos da ilha. As dificuldades impostas por este embargo criminoso, no entanto, não foram capazes de abater o ânimo do povo cubano, muito menos sua crença na Revolução”, diz o texto.
 
Leia a íntegra:
 
A Cuba que eu vi 
Por Fernando Marroni*
 
Na semana passada estive, pela primeira vez, em Cuba. Acompanhando uma missão de parlamentares do Partido dos Trabalhadores (PT), pude conhecer o Centro de Imunologia Molecular (CIM) – referência mundial na produção de medicamentos contra o câncer.  Com 45 patentes; exporta para 30 países e atende toda a população cubana. As vacinas servem para estabilizar a doença e dar qualidade de vida ao portador – o porto de Mariel e parte das redes de ensino e saúde do país.
 
Durante a viagem de retorno para Brasília, refleti muito sobre tudo o que vi, ouvi e percebi, tanto nas reuniões e visitas oficiais, como nas ruas de Havana. Desembarquei no Brasil com a firme impressão de que Cuba vive realidades contraditórias e, em alguns casos, quase surreais.
 
De um lado, há um país com um dos mais altos índices de educação das Américas, uma saúde pública de excelência, um modelo na prática e preparação esportiva e na produção cultural. No outro extremo, se vê um país muito carente de recursos materiais. Aqui é preciso registrar que os efeitos do bloqueio econômico imposto pelos Estados Unidos, desde 1962, são evidentes em todos os cantos da ilha.
 
As dificuldades impostas por este embargo criminoso, no entanto, não foram capazes de abater o ânimo do povo cubano, muito menos sua crença na Revolução. Em 1975, Gabriel Garcia Márquez escreveu que em suas visitas frequentes à ilha, jamais havia encontrado um cubano que se recordasse ou comentasse com rancor sobre as penúrias impostas pelo bloqueio norte-americano. Hoje, 40 anos depois, percebi situação idêntica. Toda escassez de bens materiais imposta aos cubanos apenas serviu para reforçar sua crença no socialismo e, de modo algum, abalou a alegria contagiante deste povo. A arte está por toda a parte e a música, contagiante, está em todos os cantos. Os teatros, cinemas e circos estão sempre lotados, pois todos têm acesso. 
 
A Cuba do século XXI nos ensina que não há falta de recurso material que não possa ser superada pela criatividade e que, indubitavelmente, as relações humanas vêm em primeiro lugar e as pessoas valem pelo que são e não pelo que possuem. Com o restabelecimento das relações diplomáticas com os Estados Unidos e o possível fim do bloqueio, é provável que a carência de recursos materiais seja, em parte, suprida. Porém, o que eu desejo após esta rápida passada pela ilha, é que o seu povo jamais perca a alegria e a hospitalidade que o caracteriza.
Pode-se dizer, com certeza, que Fidel e seus companheiros mostraram, na prática, que construir um mundo mais justo realmente é possível. Cuba é, de fato, ‘Uma Ilha de Felicidade’.
 
A presença brasileira
 
Ao andar por Havana e conversar com as pessoas, descobre-se o carinho que os cubanos têm pelos brasileiros. Nossa presença aqui é sempre festejada e bem-vinda, pois reconhecem todos que quando a União Soviética se dissolveu, e a Rússia mergulhou em crise econômica, foi o Brasil a nação que mais apoiou o país. Isso, talvez, seja um dos motivos de se ver com tanta frequência camisas da Seleção Brasileira pelas ruas da capital.
 
A Embrapa, por exemplo, está em Cuba desde 2003 e desenvolve importantes projetos para auxiliar na melhoria da produção agrícola, pois hoje o país importa 70% dos alimentos que consome. O programa Mais Alimentos chegou à ilha em 2008.
 
O porto de Mariel é outra marca histórica deixada pelo Brasil no Caribe. Construído pela Odebrecht para dotar a ilha de um porto capaz de receber embarcações de grande calado, que hoje não conseguem operar no porto de Havana, o complexo portuário de Mariel conta com um atracadouro de 2.700 metros e custou US$ 900 milhões. Desse valor, US$ 600 milhões foram financiados via BNDES e outros US$ 300 milhões de contrapartida do governo de Cuba, que agora já começou a pagar o empréstimo do BNDES.
 
Um detalhe que a grande imprensa brasileira não fala quando lança suas críticas sobre o empreendimento, é que a maior parte dos US$ 300 milhões cubanos foram gastos exatamente no Brasil, com a aquisição de matéria-prima para a obra. E neste rol de produtos comprados de empresas brasileiras estão caminhões, equipamentos, contêineres e açudes.
 
Assessoria Parlamentar com PT na Câmara

Foto: Salu Parente
Mais fotos: www.flickr.com/photos/ptnacamara

 

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