Na semana passada o Brasil viveu mais um capítulo da novela “terrorismo econômico”, desta vez, patrocinado pela agência norte-americana Standard & Poor’s (S & P), que rebaixou a nota do Brasil de BBB para BBB-, insinuando com isso que o Brasil estaria vulnerável. A oposição e parte da mídia que serve a ela se encarregaram de fazer o estardalhaço, como se a voz de uma agência de risco fosse a voz de Deus.
A avaliação da S & P não condiz com os resultados macroeconômicos nem com o desempenho da economia brasileira. Tanto que o mercado ignorou o rebaixamento da agência, as bolsas tiveram forte alta durante a semana, puxadas pelas ações da Petrobras, que dispararam.
A perda de credibilidade da S & P decorre de avaliações incorretas feitas por ela em certos momentos da conjuntura econômica mundial. A mais conhecida foi a que atribuiu AAA, nota máxima, ao banco Lehman Brothers, (principal negociador do tesouro americano), sustentada até poucos dias antes de decretar falência em agosto de 2008, no estouro da crise da “bolha imobiliária” nos EUA.
O professor Luiz Gonzaga Belluzzo, ex-Secretário de Política Externa do Ministério da Fazenda, classificou esse relatório como um estelionato.
O Prêmio Nobel de Economia, professor Paul Krugman, da Universidade de Princeton, em recente seminário realizado pela revista Carta Capital, em São Paulo, contestou as especulações a respeito das contas brasileiras e da situação econômica do Brasil. Krugman foi categórico ao afirmar que o Brasil não é mais um país vulnerável a ataques especulativos e que se saiu muito bem da crise eclodida em 2008. Outro Prêmio Nobel de Economia, professor da Universidade de Princeton e de Harvard, Eric Maskin, em entrevista ao jornal Valor Econômico, também fez comentários elogiosos às atuais condições do Brasil. Disse que o rebaixamento da nota de crédito não abala a confiança no País e que ele é bastante otimista tendo em vista a solidez da política econômica brasileira.
Os dados que corroboram as afirmações de tão renomados economistas são contundentes. O Brasil tem hoje US$ 375 bilhões em reservas cambiais, diferentemente da vulnerabilidade do período Fernando Henrique Cardoso, que levou o País a quebrar em quatro oportunidades: nas crises de 95, 97, 98 e 2002, deixando como legado, apenas US$ 38 bilhões em caixa no Banco Central. Hoje nossas reservas são dez vezes mais.
O Brasil enfrenta a crise internacional sem recessão, com crescimento do PIB, acumulado, desde 2008, de 17,8%, uma das maiores taxas acumuladas de crescimento entre os países do G20. No ano passado, o País cresceu 2,3%, desempenho superior à maioria dos países do grupo. Quando comparado ao dos Estados Unidos, 1,9%; ao da Rússia, 1,4%; México 1,1%; Alemanha, 0,9%; Itália, em recessão, menos 1,8%; Espanha, menos 1,3%, o Brasil perde apenas para a China e a Índia no ano de 2013. É a terceira maior entre os países do G-20.
Além disso, o Brasil tem estabilidade inflacionária com taxas abaixo da meta de 6,6%. Em 2013, completou-se o 10º ano consecutivo com inflação de 5,91% (IBGE) dentro da meta. Em 2003, o ex-presidente Fernando Henrique entregou o País ao ex-presidente Lula com uma taxa inflação de 12% ao mês.
Não tem fundamento a avaliação da S & P de que a situação fiscal brasileira é frágil. Em 2013, o Brasil fez superávit primário de 1,9% do PIB, um dos maiores superávits primários do mundo nos últimos 15 anos, o quinto melhor índice entre os 35 países mais desenvolvidos.
O Brasil vive em pleno emprego. A taxa de desemprego fechou 2013 em 5,4%, menor que a de países como Alemanha (5,6%); EUA (7,6%); Reino Unido (7,7%); França (11%); Itália (12,5%); Espanha (26,9%). Agora, em fevereiro, foram criadas 260 mil novas vagas, 111% a mais que o mesmo mês de 2013.
O que põe definitivamente em cheque o “terrorismo econômico” é a confiança do investidor. O Brasil figura hoje entre os cinco maiores receptores mundiais de Investimento Estrangeiro Direto (IED). Nos 12 meses encerrados em fevereiro de 2014, ingressaram US$ 5,8 bilhões somente nessa rubrica, dos quais, US$ 9,23 bilhões no primeiro bimestre de 2014.
Portanto, rebaixados estão o modo de fazer política de parte da mídia e o discurso da oposição. Falta honestidade intelectual e sobra desespero em ano eleitoral.
(*) Deputado federal (PT-SP), ex-prefeito de São Carlos e ex-reitor da UFSCar.