Artigo: Dr. Rosinha discorre sobre verdade e tolerância

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Em artigo, o deputado Dr. Rosinha (PT-PR), que  preside a Comissão de Seguridade da Câmara, fala da importância da tolerância  e da verdade, ensinamentos básicos do cristianismo. E fala ainda da sua decepção para “com todos os homens e mulheres, cristãos ou não, que não conseguem ser tolerantes, que não conseguem respeitar os demais, que têm na sua verdade, a verdade única e absoluta”. Leia a íntegra:

Cristãos intolerantes

Cristo, em sua breve passagem pela Terra, nos ensinou muita coisa, sendo uma delas a tolerância. Parece que boa parte dos que atualmente se dizem cristãos não aprendeu essa lição. Outro ensinamento de Cristo é o compromisso com a verdade: nunca mentir. Este ensinamento também é ignorado por grande parte dos cristãos.

Brinca-se que quando alguém é perguntado sobre determinado tema e não sabe a resposta, a pessoa em tom de chacota responde “eu faltei nesta aula”. Parece que muitos cristãos e cristãs faltaram na catequese no dia em que foi ensinada a importância da tolerância e a ter compromisso com a verdade.

Na semana passada fui vítima dos intolerantes e dos mentirosos.

Explico: a Comissão de Seguridade Social e Família da Câmara dos Deputados, presidida por mim, organizou o “Seminário de Parlamentares da América Latina e Caribe para debater a Saúde Reprodutiva, Materna, Neonatal e Infantil e os Objetivos da Meta do Milênio”. O requerimento que gerou o Seminário foi aprovado por unanimidade dos membros da Comissão. Portanto, pela importância do tema, nenhum parlamentar se opôs.

A Organização das Nações Unidas (ONU) firmou em 2000 um compromisso com muitos países, os chamados Objetivos do Milênio, de reduzir em 75 % até 2015, as mortalidades infantil e materna. Há outros objetivos do milênio, porém o nosso Seminário se propôs a debater estes dois.

A mentira e a intolerância estão quando muitos cristãos e cristãs espalharam na internet mensagens caluniosas apregoando que “sou contra a vida”, que estou “promovendo o aborto” no Brasil, que “sou mau presidente”, que “desenvolvo a cultura da morte” e outras ofensas que sequer quero reproduzi-las. Antes de qualquer coisa, repudio a todos estes adjetivos e, ao contrário de Cristo, não ofereço a outra face.

Algumas mensagens, para a minha tristeza e decepção, eram assinadas por padres, professores, diáconos, bibliotecários, alunos, etc., gente que sempre pensei, pelo cargo que ocupam, serem inteligentes. Sempre vi num professor, se não um pensador, pelo menos alguém que ajude ou ensine a pensar. Sempre vi num padre, num diácono, num pastor um tolerante, alguém que não mente.

Segundo o dicionário Houaiss, tolerância é o “ato ou efeito de tolerar; indulgência, condescendência; tendência a admitir, nos outros, maneiras de pensar, de agir e de sentir diferentes ou mesmo diametralmente opostas às nossas”. Definição essencialmente cristã.

Minha decepção é para com todos os homens e mulheres, cristãos ou não, que não conseguem ser tolerantes, que não conseguem respeitar os demais, que têm na sua verdade, a verdade única e absoluta. Minha tristeza é para com aqueles que leem e não conseguem interpretar. Meu repúdio é para com aqueles e aquelas que leem e agem de má fé nas redes sociais. Usam-nas para disseminar a sua interpretação ou mesmo se aproveitam dos que não leram e disseminam a mentira. Poderia fazer como Cristo: “Pai, perdoai-os, eles não sabem o que fazem”. Mas, não posso agir assim, porque sabem o que fazem e porquê fazem. Posso perdoar os inocentes úteis, como por exemplo, um rapaz de cerca de 20 anos de idade que no dia do Seminário dirigiu-se a mim dizendo:

– “O senhor está excomungado!”

De início fiquei estupefato com esta “excomunhão”. Em seguida, tive dúvidas se ria ou se perguntava com que autoridade e em nome de quem me excomungava. Por fim, preferi o silêncio, a pena e a compaixão. Compaixão e pena pela inocência deste rapaz e ao mesmo tempo preocupação com o seu futuro. O mundo é diferente do que estão lhe ensinando. Ou ele faltou no dia da catequese sobre tolerância ou os seus “mestres” faltaram com a verdade e não ensinaram a ele o significado desta palavra e deste gesto.

Por tudo que li do que me enviaram, por tudo que ouvi, sinceramente ainda estou estupefato com o comportamento destes cristãos. Em que Igreja aprendem ou aprenderam? Qual Evangelho leem ou leram? Com certeza não é o mesmo que leio e tampouco é o mesmo que lê o Papa Francisco.

Dr. Rosinha

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