O deputado Bohn Gass (PT-RS) criticou artigo publicado pelo senador tucano Aécio Neves (PSDB-MG) nesta semana na Folha de S. Paulo. No texto, dentre outros, Aécio diz que a dificuldade econômica do Brasil é culpa do “populismo” petista. “Foi para não ser chamado de populista que o governo tucano ignorou políticas públicas que melhorariam a vida do povo?”, questiona Bohn Gass. “Se, para o senhor, retirar 30 milhões da pobreza, construir 5 milhões de casas próprias e aumentar 400% as verbas para a agricultura familiar é populismo, lamentamos informar, senhor senador, mas pouco nos importa o seu equívoco conceitual”, sustenta o deputado.
Leia a íntegra:
Aceitamos o debate do articulista Aécio
Elvino Bohn Gass (*)
O candidato do PSDB derrotado na última eleição presidencial, senador Aécio Neves (MG), ocupa seu generoso espaço semanal na Folha de S. Paulo para dizer que a dificuldade econômica do Brasil é culpa do “populismo” petista. Pois bem, senhor senador articulista, aceitamos o debate. Mas, por favor, responda-nos: foi para não ser chamado de populista que o governo tucano ignorou políticas públicas que melhorariam a vida do povo? Saiba que, garantir que o filho do pedreiro se torne um médico, por exemplo, para nós não tem nada a ver com populismo, trata-se de simples reconhecimento de um direito. Se, para o senhor, retirar 30 milhões da pobreza, construir 5 milhões de casas próprias e aumentar 400% as verbas para a agricultura familiar é populismo, lamentamos informar, senhor senador, mas pouco nos importa o seu equívoco conceitual.
Os exemplos que o senhor usa para sustentar sua tese carecem de verossimilhança. Note, o senhor menciona a queda do salário real nos governos do PT. Mas como, senador, se no governo do seu partido o salário mínimo era de R$ 200 reais e no nosso é R$ 788? E o seu temor pelo fato de que o desemprego estaria “encostando” nos 8%, que coisa é essa? A mesma Folha em que o senhor escreve, em 31 de janeiro de 1999 manchetou: “Desemprego cresce 38% no governo FHC”. Mentiu a Folha ou o senhor, de novo, escolheu mal o argumento? Também foi nesta Folha que se leu, em 10 de maio de 2010: “Brasil gera 305 mil vagas formais em abril, recorde para o mês”. Esses recordes, senhor senador, se sucederam até os 4,9%, menor índice de desemprego de nossa história. Isso, em plena crise financeira mundial!
O senhor se diz preocupado com a inflação, que estaria, conforme seu artigo, “superando 8%”. Pode imaginar, então, o enorme esforço que nosso governo fez para reduzir o índice de 12,5% que os senhores deixaram como herança maldita para Lula. Mas fique tranquilo, nos nossos governos a inflação esteve sempre sob controle e jamais voltou aos dois dígitos. Foi assim também com as reservas internacionais. Os senhores nos deixaram US$ 34 bilhões e hoje nós temos US$ 370 bilhões. Não, não estamos mais pobres como o senhor afirma.
Então, se são estes os “índices” que lhe fazem afirmar que o país está se “deteriorando”, imaginamos o que o senhor diria para definir o período em que seu partido governou o Brasil. “Com FHC, o país virou chorume” lhe parece uma boa sentença?
E o senhor vir falar de arrocho? Logo um tucano cujo partido acaba de votar inteiro no projeto da terceirização? Se a tese sustentada pelo PSDB prosperar, os salários vão se reduzir, o poder de compra diminuirá, a demanda da indústria, do comércio e dos serviços será menor e a economia vai enfraquecer. Enfraquecer tanto que talvez, daqui há alguns anos, o senhor possa escrever o mesmo artigo. Só que então, lamentavelmente, ele fará sentido. Mas, no que depender de nós, isso nunca acontecerá.
(*) Deputado federal (PT-RS)
Assessoria Parlamentar