Involução. O dicionário Aurélio define a palavra involução como “movimento regressivo, processo de regressão”, o mesmo que “decadência, declínio, ruína, derrocada”. A palavra que na sua essência significa exatamente o contrário de evolução, define bem, também, o processo de desumanidade que acomete pessoas intolerantes e fechadas ao respeito e à diversidade, mobilizando-as no sentido de fazerem apologia ao ódio de classe. Aliás, ódio de classe é o que há de mais conservador e retrógrado na sociedade brasileira.
O mais recente episódio que marca bem esse flagrante de involução no Brasil, deveria roxear de vergonha o país e sua gente de bem. O insulto ao ativista João Pedro Stédile, por um grupo de pessoas bradando gritos de ódio, no Aeroporto de Fortaleza, essa semana, foi, antes de tudo, um ato covarde, orquestrado pelo conservadorismo. É absolutamente decadente presenciar, em pleno terceiro milênio, pessoas que se revestem de primitivismo e despem de humanização para criminalizar e intimidar os que defendem e lutam por um país mais justo e menos desigual.
O Brasil sempre foi um país reconhecidamente hospitaleiro, alegre e que tem na sua gente a sua maior riqueza. E é essa gente que deve indignar-se com episódios pautados na total intolerância. É essa gente que deve repudiar a violência e o uso da força pelos que não aceitam os movimentos populares, hostilizam migrantes, gays, negros e pobres. Dizer não a essa escalada insana e primitiva é uma clara demonstração de que a involução de alguns não se sobreporá, jamais, à evolução de todos.
Deputada Ana Perugini (PT-SP)
Foto: Gustavo Bezerra
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