Parlamentares e lideranças políticas argentinas cobraram do governo de Maurício Macri, nesta sexta-feira (6), uma convocação extraordinária, em caráter de urgência, da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) para discutir a crise no Brasil, que pode ter o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva convertido em preso político nos próximos dias.
Atualmente presidida pela Argentina, a UNASUL foi criada em 2008 e possui, no protocolo adicional ao seu tratado constitutivo, uma cláusula que compromete o órgão com a “promoção, defesa e proteção da ordem democrática, do Estado de Direito e suas instituições, dos Direitos Humanos e liberdades fundamentais, incluindo a liberdade de opinião e de expressão, como condições essenciais e indispensáveis para o desenvolvimento do processo de integração”. Esta cláusula é “requisito essencial” para a participação de cada país na Unasul e os parlamentares argentinos acreditam que o Brasil pode ferir o dispositivo por conta da “situação de tensão institucional e comoção social” diante da eventual prisão de Lula.
Entre os signatários do pedido, encaminhado à chancelaria argentina, órgão responsável pela presidência da UNASUL, estão os deputados Agustín Rossi, presidente do bloco parlamentar Frente para a Vitória, Adrián Grana, Andres Larroque, Cristina Britez, Cristina Rodríguez, Daniel Scioli, Gabriela Estevez, José Luis Gioja, Martín Perez Guillermo Carmona, Juan Manuel Huss, Laura Alonso, Martín Doñate, Matias Rodríguez, Mayra Mendoza, Walter Santillan e outros. Hugo Yasky e Pablo Moyano, dirigentes de centrais sindicais, e Martín Sabatella, ex-deputado e responsável pela implementação da “Ley de Medios”, também assinam a petição, junto com representantes argentinos do Parlamento do Mercosul, como Jorge Taiana, Mario Metaza e Oscar Laborde.
O deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), ex-presidente do Parlamento do Mercosul, elogiou a ação. “Trata-se de uma importantíssima iniciativa dos parlamentares argentinos pautando um tema decisivo desde sempre para a América Latina e nesse momento em particular para o Brasil, que é a integridade do Estado de Direito”, destacou Chinaglia, que participa dos atos em apoio a Lula no Sindicato dos Metalúrgicos em São Bernardo do Campo (SP).
Os autores do pedido argumentam que a UNASUL se reuniu extraordinariamente para discutir crises na Bolívia, Colômbia, Equador e Venezuela em momentos anteriores e que o mesmo deveria ocorrer agora.
Confira a íntegra do documento protocolado na chancelaria argentina:
Rogério Tomaz Jr.