O presidente Jair Bolsonaro agrediu jornalistas e órgãos de imprensa com palavrões e expressões chulas ao reclamar da cobertura das manifestações realizadas no sábado (19) em protesto pelos 500 mil mortos pela Covid e pelo Fora Bolsonaro no país.
A reação descontrolada de Bolsonaro ocorreu após ter sido recebido aos gritos de “genocida”, “assassino” e “fora, Bolsonaro”, durante viagem à cidade de Guaratinguetá, em São Paulo, nesta segunda-feira (21). As manifestações populares repetiram os protestos registrados na tentativa de Bolsonaro produzir uma fake news em avião da Azul.
O comportamento agressivo e inapropriado ao cargo de presidente da República provocou o repúdio de membros da CPI da Covid e também da Associação Brasileira de Imprensa (ABI), além da manifestação críticas de várias lideranças políticas nas redes sociais (veja abaixo).
No Twitter, a presidenta nacional do PT, deputada Gleisi Hoffman (PR), e o líder do PT na Câmara, deputado Bohn Gass (RS) criticaram duramente o descontrole emocional de Jair Bolsonaro. Para Gleisi, a agressividade de Bolsonaro com jornalistas mostra um presidente descompensado, raivoso, que não tolera o contraditório. “Uma pessoa assim não tem condições de governar e precisa sair o quanto antes. O genocida faz mal à saúde do povo e à democracia”, completou.
E o líder Bohn Gass criticou o surto de Bolsonaro, que berrou “cala a boca” para uma jornalista, em São Paulo. “Epa! Ele pode dizer o que pensa sobre a mídia, mas não tem o direito de ofender uma jornalista que estava fazendo seu trabalho. O ‘cala a boca’ é uma ofensa à toda a classe trabalhadora”, afirmou.
Nota pública da CPI da Covid
Em nota pública, a maioria dos integrantes da Comissão Parlamentar de Inquérito da Pandemia se solidarizam com a jornalista Laurence Santos, que foi agredida por Bolsonaro, e afirmam que tentar calar e agredir a imprensa “é típico de fascistas e de pessoas avessas a democracia brasileira”.
Veja a íntegra da nota emitida pelos senadores da CPI da Covid:
As senadoras e senadores desta Comissão manifestam solidariedade à jornalista Laurene Santos, que hoje, enquanto trabalhava, foi submetida a uma reação, no mínimo, desproporcional do presidente da República a uma pergunta legitimamente feita pela repórter. A agressão do senhor presidente da República não foi apenas à jornalista Laurene, mas a todos os brasileiros que anseiam por uma resposta à tragédia que atingiu mais de 500 mil famílias desde o início da Pandemia, no ano passado.
Tentar calar e agredir a imprensa é típico de fascistas e de pessoas avessas a democracia brasileira.
Asseguramos que os responsáveis pagarão por seus erros, omissões, desprezos e deboches. Não chegamos a esse quadro devastador, desumano, por acaso. Há culpados e eles, no que depender da CPI, serão punidos exemplarmente. Os crimes contra a humanidade, os morticínios e os genocídios não se apagam e nem prescreveram.
Omar Aziz , presidente CPI
Randolfe Rodrigues, vice-presidente
Renan Calheiros, relator
e os senadores integrantes do colegiados: Tasso Jereissati , Otto Alencar, Eduardo Braga, Humberto Costa, Alessandro Vieira, Rogério Carvalho e Eliziane Gama
Nota oficial da ABI
A Associação Brasileira de Imprensa também divulgou nota oficial sobre o ocorrido e reitera sua posição a favor do impeachment do presidente. “E reafirma que, decididamente, ele não tem condições de governar o Brasil”.
Veja a íntegra da nota emitida pela Associação Brasileira de Imprensa.
Renuncie, presidente!
Descontrolado, perturbado, louco, exaltado, irritadiço, irascível, amalucado, alucinado, desvairado, enlouquecido, tresloucado. Qualquer uma destas expressões poderia ser usada para classificar o comportamento do presidente Jair Bolsonaro nesta segunda-feira, insultando jornalistas da TV Globo e da CNN.
Com seu destempero, Bolsonaro mostrou ter sentido profundamente o golpe representado pelas manifestações do último sábado. Elas desnudaram o crescente isolamento de seu governo.
Que o presidente nunca apreciou uma imprensa livre e crítica, é mais do que sabido. Mas, a cada dia, ele vai subindo o tom perigosamente. Pouco falta para que agrida fisicamente algum jornalista.
Seu comportamento chega a enfraquecer o movimento antimanicomial – movimento progressista e com conteúdo profundamente humanitário. Já há quem se pergunte como um cidadão com tamanho desequilíbrio pode andar por aí pelas ruas.
Mas a situação é ainda mais grave: esse cidadão é presidente de um país com a importância do Brasil.
Diante da rejeição crescente a seu governo, Bolsonaro prepara uma saída autoritária e, mesmo a um ano e meio da eleição, tenta desacreditar o sistema eleitoral. Seu objetivo é acumular forças para a não aceitação de um revés em outubro de 2022.
É preciso que os democratas estejam alertas e mobilizados.
Diante desse quadro, com a autoridade de seus 113 anos de luta pela democracia, a ABI reitera sua posição a favor do impeachment do presidente. E reafirma que, decididamente, ele não tem condições de governar o Brasil.
Outra solução – até melhor, porque mais rápida – seria que ele se retirasse voluntariamente.
Então, renuncie, presidente!
Paulo Jeronimo
Presidente da ABI
Da Agência PT de Notícias