A Organização Mundial da Saúde (OMS) elevou, na tarde de ontem (27), o nível de risco mundial de contaminação pelo novo coronavírus, de “moderado” para “elevado”. A organização admitiu ter cometido um “erro de formulação” ao classificar o risco como “moderado”. “A avaliação de risco não mudou desde a última atualização: muito alto na China, alto no nível regional e em todo o mundo. A alteração da nomenclatura não interfere em nenhuma mudança de protocolo da Organização. Ainda não é uma emergência de saúde global, mas pode vir a ser”, explicou a OMS.
Apesar disso, o ex-ministro da Saúde e deputado federal Alexandre Padilha (PT-SP) não considera que seja um momento para pânico e avalia que, apesar do desmonte praticado pelo presidente Jair Bolsonaro, o Brasil está preparado para a eventual chegada do Coronavírus. “Com os casos anteriores, o Brasil se preparou, tanto do ponto de vista da vigilância, quanto do ponto de serviços para cuidar das pessoas com problemas respiratórios. Apesar de todo o ataque e desmonte praticado pelo governo Bolsonaro, tem uma resiliência de capacidade técnica, de atendimento. O Brasil tem um corpo técnico e estruturas hospitalares para lidar com essa situação”, explicou, em entrevista aos jornalistas Glauco Faria e Nahama Nunes, no Jornal Brasil Atual.
Os casos anteriores a que Padilha se refere são a epidemia de Sars – gripe aviária –, em 2002, que também se disseminou a partir da China, teve pouco mais de 8 mil casos confirmados e causou 774 mortes ao redor do mundo. E a Síndrome Respiratória do Oriente Médio (Mers, na sigla em inglês), que surgiu a partir da Arábia Saudita, causou 858 mortes, em 2012. Esta é o terceiro surto de Coronavírus em 18 anos, o que chama atenção para a capacidade de mutação do vírus, na opinião dele.
O ex-ministro também destacou que a letalidade do novo coronavírus é relativamente baixa. “O novo coronavírus tem sido menos letal do que foi a Sars, em 2002, ou a Mers, em 2012. Esse é o fator positivo. Mas o alerta tem de ser global. A OMS emitiu alerta, mas ainda não declarou situação de emergência internacional de saúde pública. Está considerando que as ações tomadas pela China estão sendo adequadas”, afirmou. O posicionamento é semelhante ao do infectologista e diretor do Sindicato dos Médicos de São Paulo Gerson Salvador, que lembrou que “oitocentas pessoas é o que a gripe comum mata em um dia de inverno”.
Casos suspeitos
Até agora, foram registradas 106 mortes em 4.515 casos confirmados do novo Coronavírus. Hoje o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, confirmou a investigação de um caso suspeito em Minas Gerais. “Já analisamos mais de sete mil rumores. Destes, 163 casos exigiram a análise padrão e foram descartados. E temos hoje esse caso de Minas, de uma mulher que esteve na cidade de Wuhan até o dia 24 de janeiro. O quadro dela é bom, estável, está em isolamento. Além dela, há 14 pessoas do núcleo de convivência próximo dela em monitoramento, que é feito por telefone, Whatsapp, visitas. Qualquer mudança de temperatura, coriza, será observada”, explicou.
Segundo Mandetta, o Brasil já tem total capacidade de identificar o vírus e está preparado. “O tratamento segue o protocolo para Sars. Nosso sistema já lidou com Sars, MERS, não é um sistema de saúde que está sendo adequado agora. Todas as equipes de estados e municípios já têm conhecimento dos protocolos. Vamos chamar uma reunião com os secretários de estados e municípios apenas para tirar dúvidas e levantar necessidades deles para fazer o enfrentamento de eventuais casos”, explicou.
O ministro explicou que ainda estão incertas algumas características do novo coronavírus, como potencial de letalidade, de contaminação, comportamento em determinada situação como gestantes, crianças, idosos. Mas que não há motivo para pânico. “É um momento de tranquilizar a população. Não temos circulação do vírus. Dois casos em investigação eram rinovírus, não têm relação com a epidemia. Temos apenas um caso em investigação no momento”, afirmou.
Por Rede Brasil Atual