O deputado federal e ex-ministro da Saúde Alexandre Padilha (PT-SP) afirmou à imprensa que a consulta pública patrocinada pelo Ministério da Saúde para colher opiniões sobre a vacinação de crianças de 5 a 11 anos foi um “show de horrores”. De acordo com o parlamentar, a consulta foi “um dos espetáculos mais deprimentes de toda a história” e teve como objetivo único atender os interesses do presidente Jair Bolsonaro e de seus apoiadores que “têm um interesse eleitoral em mobilizar o movimento antivacina e colocar desconfiança” sobre os imunizantes.
“A consulta pública foi um show de horrores que ficará marcado para a história como um dos espetáculos mais deprimentes de toda a história do Ministério da Saúde. No dia em que anunciou a consulta pública, o ministro [Marcelo Queiroga] já tinha anunciado a sua posição, já tinha declarado a sua posição. A consulta não ia mudar ou influenciar a posição do ministro de Bolsonaro”, disse Padilha em entrevista à Jovem Pan.
O parlamentar afirmou ainda que o processo de consulta pública do Ministério da Saúde atendeu a três motivos: mobilizar o movimento antivacina, protelar a tomada de decisão para esconder “a total falta de planejamento” do Ministério da Saúde, além de reunir dados de pessoas contrárias à campanha de imunização por motivação eleitoral.
“Bolsonaro e o bolsonarismo têm um interesse eleitoral em mobilizar o movimento antivacina e colocar desconfiança sobre a vacina em uma base eleitoral que ele pretende conduzir. Esse também é o objetivo de deputados e deputadas, como mostrou a indicação da presidente da CCJ”, explicou. A reportagem da Jovem Pan lembrou que a deputada Bia Kicis (PSL-DF), presidente da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara e ferrenha defensora do governo na Câmara, convidou três médicos contrários à vacinação de crianças – Roberto Zeballos, José Augusto Nasser e Roberta Lacerda – para falar no encontro.
Em outra entrevista ao site O Antagonista, Alexandre Padilha ressaltou que o governo Bolsonaro construiu uma “farsa” com a consulta pública sobre a vacinação.
“No mesmo dia em que lançou a consulta, o ministro da Saúde Marcelo Queiroga mostrou que já tinha posição definida”, criticou o petista. Ainda de acordo com o ex-ministro, essa posição demonstrou que, “para o governo, pouco importava o que os especialistas viessem a dizer”. “Os objetivos eram manter o clima de conflito permanente sobre a Covid, mobilizar os movimentos antivacina”, destacou.
Falta de planejamento
O ex-ministro da Saúde no governo Dilma ressaltou ainda que a consulta também serviu para tentar esconder a falta de planejamento do Ministério da Saúde em relação ao cronograma da vacinação das crianças.
“Toda essa discussão sobre a vacinação de crianças já acontece há meses, dentro e fora do Brasil. Uma consulta pública nesta altura dos acontecimentos serviu apenas para protelar ações concretas e para esconder o fato de que, pela primeira vez, em vez de estar na vanguarda de uma campanha de vacinação, o Brasil está a reboque do resto do mundo”, alertou Padilha.
PT na Câmara com informações da Jovem Pan e O Antagonista