O deputado Afonso Florence (PT-BA) anunciou neste sábado (23) que vai entrar com ação judicial para impedir que o ministro do Meio Ambiente, Ricardo Salles, dê continuidade à devastação ambiental em todo o País conforme prometeu na reunião ministerial do dia 22 de abril. Ao se pronunciar, em tom de desdém com o patrimônio ambiental do País, Salles sugeriu ao governo aproveitar a pandemia de coronavírus para “ir passando a boiada e mudando todo o regramento e simplificando normas”.
O vídeo da reunião ministerial coordenada por Jair Bolsonaro que comprova a intenção de Salles de devastar a natureza foi divulgado na sexta-feira (22), por determinação do ministro do Supremo Tribunal Federal (STF) Celso de Mello. Vai ser a segunda vez que Florence acionará a Justiça para impedir o desmando de Salles na gestão do meio ambiente. Em fevereiro de 2019, Florence peticionou uma ação contra a nomeação do ministro.
Ministro motosserra
Na avaliação de Florence a fala do ministro caracteriza-se em crime de responsabilidade e por isso o bolsonarista deve deixar o posto. “Vou entrar com pedido judicial pelo impedimento de Ricardo Salles. Ele propõe que o governo aproveite a crise sanitária para desregulamentar a gestão ambiental, extinguindo parâmetros de sustentabilidade, garantia de transparência e instrumentos de comando e controle. Se isso ocorrer haverá devastação ambiental. Ele é um criminoso”, acusou o deputado petista.
Segundo o parlamentar, o desprezo e a falta de compromisso do governo com a questão ambiental são recorrentes. Como exemplo, citou os constantes ataques e dilapidação do patrimônio público e ambiental, sob vista grossa governamental, nas áreas indígenas,com invasão, grilagem e exploração ilegal e predatória de recursos naturais. Para Florence, um exemplo claro da prática criminosa do atual governo é o projeto de lei (PL 2633/20) encaminhado ao Congresso Nacional . É o chamado projeto da grilagem, que prevê regularizar a grilagem em terras indígenas e, consequentemente, o desmatamento por criminosos que já têm agido na Amazônia e outras regiões do País sob estímulo, à margem da lei, de Bolsonaro, Salles e outros membros do governo.
Governo criminoso
Nas redes sociais, parlamentares petistas também condenaram a fala criminosa do ministro de Meio Ambiente. Na opinião da deputada Luizianne Lins (PT-CE), entre tudo que foi mostrado da reunião ministerial de Bolsonaro, a fala de Ricardo Salles é uma das mais graves. “Ministro do Meio Ambiente defende aproveitar o contexto de dor da Covid-19 para desmontar regramento ambiental, enquanto a Amazônia pede socorro”, criticou.
Em sua conta do Twitter o deputado Patrus Ananias (PT-MG) escreveu: “Aproveitar a atenção com a pandemia para “passar a boiada”. Aproveitar milhares de brasileiros doentes (e a previsão real de mortos já era de muitos milhares) para forçar a legislação que permitisse destruir Amazônia, sem maiores obstáculos. Se alguém tinha dúvidas, agora está comprovado”.
Luta contra os criminosos ambientais
O coordenador do Núcleo Agrário da Bancada do PT, deputado João Daniel (PT-SE) adiantou que a luta será constante para derrotar as ilicitudes que contém o PL da grilagem (PL 2633/20). “A confissão traz à tona o malabarismo para aprovar a MP 910 e agora o PL 2633, conhecido como a PL da Grilagem que estamos lutando para derrubá-lo”.
O deputado Zé Carlos (PT-MA) também opinou em sua conta no Twitter: “A declaração do Ministro Ricardo Salles de que ‘enquanto a imprensa está entretida com a pandemia, vamos aproveitar para passar a boiada’ é digna de repúdio. Todos do quadro do governo já deixaram claro que não têm nenhum tipo de compromisso com a questão ambiental”, criticou o deputado.
Benildes Rodrigues,com assessoria parlamentar