O deputado federal Afonso Florence (PT-BA) denunciou hoje (31) que o golpe contra a presidenta Dilma Rousseff, consolidado há exatamente cinco anos, trouxe só retrocessos ao povo brasileiro, num processo fraudulento que culminou com a eleição do militar Jair Bolsonaro, a destruição dos direitos econômicos, sociais e trabalhistas, volta da fome e da miséria, entrega das riquezas nacionais aos estrangeiros, desemprego, privatizações antinacionais e a demolição das instituições.
Florence lembrou que a destruição de direitos do povo se simbolizou num ataque ao ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva, preso arbitrariamente em 2018 para não participar das eleições presidenciais, abrindo-se caminho para a eleição do neofascista Jair Bolsonaro. Lembrou que parte do golpe foi por meio da Operação Lava Jato, que fraudou a condenação de Lula.
O deputado denunciou que a eleição de Bolsonaro em 2018 é “o mais legítimo produto final do golpe de 2016” e ocasionou o aprofundamento de políticas lesivas aos interesses nacionais e populares. Ele acusou Bolsonaro de tentar jogar o País no caos e de ser “ defensor de milicianos” e de ter com sua família um esquema de “rachadinhas”.
Bolsonaro na cadeia
“E houve uma coisa que ele (Bolsonaro) disse e que tem razão: o futuro dele está garantido. Ele tem razão, o futuro dele é na prisão. Fora, Bolsonaro!”, comentou Florence.
O deputado disse que o governo Bolsonaro é desastroso para o povo brasileiro. Citou os 15 milhões de desempregados, dos quais estão 3,5 milhões estão sem emprego há mais de dois anos, 6 milhões de desalentados e a volta da pobreza e da miséria e da inflação, com a alta desenfreada dos preços dos alimentos de primeira necessidade, dos combustíveis e outros itens.
“É um presidente da República que joga contra as instituições, que tenta tocar fogo no País, convocando a sua base orgânica cada vez mais reduzida. E as pesquisas indicam: Bolsonaro não ganha eleição em nenhum cenário”, afirmou o deputado baiano. Diante desse cenário, ele entende que Bolsonaro aposta no “esgarçamento das relações” na sociedade civil e entre as instituições, atacando o “Supremo Tribunal Federal, o Congresso Nacional, o povo, negros, negras, mulheres quilombolas, o povo que mais precisa, os trabalhadores que precisam de feijão”.
O golpe de 2016
Florence discorreu sobre o golpe liderado por Michel Temer, militares, políticos e empresários em 2016. “Foi um golpe contra os direitos econômicos, sociais, trabalhistas e previdenciários das classes trabalhadoras”, disse, destacando também que o golpismo foi – e é – também contra os direitos dos povos indígenas, o que se evidencia no momento atual com a tentativa de implantação de uma interpretação com base num marco temporal para evitar novas reservas aos povos originários.
“Não foi apenas um golpe jurídico, parlamentar, midiático e empresarial. Foi um golpe de Estado, e essa caracterização é muito importante, do ponto de vista político”, esclareceu o parlamentar. Ele insistiu que a eleição do neofascista Jair Bolsonaro em 2018 faz parte do processo golpista, já que a mesma articulação do impeachment, com participação de civis e militares, provocou depois a interdição arbitrária da candidatura do ex-presidente Lula.
Golpe contra a soberania nacional
O deputado frisou que foi um “golpe de Estado contra a democracia, a República, as instituições, a normalidade institucional, com um desrespeito à vontade popular”. Ele observou que Dilma Rousseff — “ uma mulher honesta e boa gestora” — foi “derrubada com artifícios que rasgaram a Constituição, desrespeitaram o voto e iniciaram um processo que durante o governo Bolsonaro só se aprofundou, de desorganização do funcionamento das instituições republicanas”.
Florence pontuou também que o golpe foi um ataque contra a soberania nacional, com a queima de ativos de empresas estatais e a entrega do pré-sal a estrangeiros. O Programa Salto para o Futuro, lançado pelo golpista Michel Temer, poderia ser interpretado como “salto para a incerteza para o povo”, ironizou o deputado. Na esteira do golpe, ele citou a aprovação da privatização da estratégica e lucrativa Eletrobras, a anunciada privatização dos Correios e o desmonte de uma política de investimento de longo prazo pelo BNDES.
Bolsonaro, o vassalo do império
Ele criticou a vassalagem de Bolsonaro, que “pôs o Brasil de joelho para os Estados Unidos e bateu continência para a bandeira norte-americana”. Para Florence, a “quebra da soberania nacional ainda continua como uma ameaça constante, com o desmonte dos instrumentos de políticas públicas, levando o Brasil a perder espaço no cenário internacional”. Ele lembrou que nos governos do PT o Brasil tinha presença altiva e soberana no cenário internacional, mas hoje se tornou um pária.
Afonso Florence ressaltou que mesmo com todas as ilegalidades e o evidente golpismo movido por forças conservadoras, Lula e Dilma aceitaram a situação para não levar o Brasil a uma convulsão social, mesmo comportamento adotado por governantes do PT nos estados e prefeituras do País. Ele observou que Lula aceitou a prisão por quase dois anos e Dilma, com dignidade e altivez, também se submeteu às instituições republicanas.
Redação PT na Câmara