Acordo Colômbia/EUA: petistas querem diálogo para evitar tensão regional

Os presidentes da União de Nações Sul-Americanas (Unasul) reúnem-se extraordinariamente na sexta-feira, na Argentina, para discutir o acordo militar assinado entre Colômbia e Estados Unidos, que prevê a presença de tropas norte-americanas no país andino, supostamente para combater o narcotráfico e o terrorismo. O Brasil defende a definição, no acordo, de garantias jurídicas para limitar a atuação dos EUA a operações em território colombiano.

O deputado José Genoino (PT-SP) criticou o presidente da Colômbia, Álvaro Uribe, por tentar justificar o acordo com os EUA alegando que outros assinados na região, como o que o Brasil assinou com a França, estabelecendo cooperação na área de defesa, incluindo a compra de helicópteros e submarinos. “Uribe é porta-voz dos interesses dos EUA, que têm interesse na venda de equipamentos bélicos para o Brasil, mas sem transferência de tecnologia. A França não tem política de defesa de ocupação e expansão, como os EUA, e ainda transfere tecnologia, como quer o Brasil”.

Genoino defende que os presidentes sul-americanos discutam a forma de eliminar a tensão criada pelo acordo Colômbia/EUA, com reflexos negativos especialmente nos países amazônicos. “Num momento em que a Colômbia busca relações prioritárias com os EUA, criando problemas com determinados países, destaca-se o papel da Unasul para dissipar os tensionamentos”, disse.

Ele acha que a partir de agora ficará mais fácil a instalação efetiva do Conselho de Defesa da América do Sul, iniciativa idealizada pelo Brasil, da qual participam os 12 países do subcontinente. O Conselho pretende fortalecer a confiança mútua através da integração, do diálogo e da cooperação em matéria de defesa.

SOBERANIA – Na opinião do deputado Maurício Rands (PT-PE), o acordo entre Colômbia e EUA é direito inerente à soberania de ambos os países mas deve ser analisado à luz de seus desdobramentos geoestratégicos na América do Sul, especialmente entre os países da região amazônica. “É preciso uma diálogo entre todas as partes para se evitar tensionamentos desnecessários. O Brasil pode exercer sua liderança para que tudo seja feito com base em negociações diplomáticas, contemplando os interesses da região como um todo”, completou.

Na reunião da Unasul, o presidente colombiano pretende abordar os outros acordos militares de países da América do Sul. O Brasil, contudo, pretende deixar claro que o acordo proposto pelos colombianos não pode ser comparado com as negociações feitas com a França.

Segundo o ministro das Relações Exteriores, Celso Amorim, “há uma diferença entre fazer um acordo de compra de equipamentos, e até de treinamento, e a presença estrangeira em seu território, mesmo que o objetivo declarado – que esperamos que seja verdade – seja o combate ao narcotráfico e ao terrorismo na Colômbia”. Amorim disse que o Brasil nada tem a esconder sobre essa questão.

Sem citar uma única vez o nome dos EUA, na segunda-feira (24) o chanceler brasileiro disse que, ainda que o objetivo declarado da presença militar seja o combate ao narcotráfico e ao terrorismo na Colômbia, ela coloca “questões outras”. “O problema é que a presença de uma força de fora sempre pode trazer para dentro da região problemas que não são da região”, considerou.

Amorim relatou ainda que vai reforçar junto à secretária de Estado dos EUA, Hillary Clinton, o pedido feito pelo presidente Luiz Inácio Lula da Silva ao colega Barack Obama para que sejam dadas garantias de que os americanos vão limitar sua atuação ao território colombiano.

Equipe Informes

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