Um total de 4,4 milhões de empregos perdidos, 1,1 milhão deles somente no setor da construção civil e a perda de R$ 172,2 bi que deixaram de ser investidos na economia brasileira, além de R$ 47,4 bi em impostos que deixaram de ser arrecadados no pais.
Esses foram alguns dos vários impactos negativos provocados pelas ações da Operação Lava Jato durante o período de 2014 a 2017, quando teria sido registrado uma redução de 3,6% do Produto Interno Bruto (PIB), conforme o estudo “Implicações econômicas intersetoriais da operação Lava Jato” elaborado pelo Dieese – Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos, feito a pedido da Central, que foi apresentado nesta terça-feira (16) pela Central Única dos Trabalhadores (CUT) durante live transmitida ao vivo pelo Facebook.
Durante a apresentação do estudo, o presidente da CUT, Sérgio Nobre, reafirmou a importância do estudo feito pelo Dieese para que toda a verdade em torno da Operação Lava Jato e os impactos destrutivos provocados por ela ao país sejam levados ao conhecimento do povo brasileiro.
“Foi um trabalho de alta complexidade, que mostra os impactos que a operação causou nos empregos e na economia brasileira, com a exposição total das marcas de grandes empresas nacionais. Desde o início dessa operação, nós já dizíamos que empresas não cometem crimes, pessoas sim. E são elas que têm que ser investigadas e punidas. Não as empresas. A Lava Jato expôs essas grandes construtoras nacionais e a Petrobras, que ficou marcada como um símbolo de corrupção”, afirmou.
“Seguramente, se a Lava Jato não tivesse existido, com o papel que teve, se tivesse preservado as empresas e não tivesse perseguição política, não teríamos os 14 milhões de desempregados, gente que não sabe como vai ser o dia de amanhã. Não teríamos milhares de pequenas empresas fechando a crise que se agrava a cada dia mais – Sérgio Nobre, presidente da CUT”
Extinção dos empregos
Pelo estudo, o prejuízo de R$ 172,2 bi em investimentos que deixaram de ser feitos é quase 40 vezes mais que os valores que a Lava Jato afirma ter devolvido aos cofres públicos durante as investigações. E, em consequência dos R$ 172,2 bilhões de investimentos a menos na economia, os cofres públicos deixaram de arrecadar R$ 47,4 bilhões em impostos, sendo R$ 20,3 bilhões em contribuições sobre a folha de salários. A perda em relação à massa salarial foi de R$ 85,8 bilhões.
O Dieese executou um trabalho de pesquisa “obra a obra” junto ao Tribunal de Contas da União (TCU) para apurar o impacto sofrido pelas obras que foram paralisadas em todo o país que estavam a cargo das principais construtoras nacionais atingidas pela sanha destruidora dos integrantes da força tarefa que criminalizou as empresas ao invés de responsabilizarem apenas executivos e funcionários.
Isso também causou o desmonte da área de engenharia no país, seja tecnológica, de produção ou de execução, o que fez com que o país tivesse um enorme prejuízo em matéria de desenvolvimento em tecnologia, onde sempre foi referência mundial no setor. A paralisação dessas grandes obras ainda provocou a perda de muitos recursos públicos.
A destruição no mercado de trabalho foi tão extensa que atingiu até categorias de setores fora das cadeias produtivas mais atingidas (construção e petróleo), como a educação privada, com 106,5 mil vagas perdidas, segundo estimativas.
O estudo minucioso realizado pelo Dieese comprova também o terrível impacto da operação na Petrobras, o maior alvo das investigações, que sofreu um imenso processo de desconstrução, o que prejudicou de forma irreparável a imagem e o potencial de investimentos da maior empresa estatal brasileira. A Petrobras que vivia um período de grande expectativa de desenvolvimento após a descoberta do pré-sal e com isso a previsão de grandes investimentos na produção de petróleo e era a principal peça no desenvolvimento estratégico do Brasil.
Impacto na economia
De acordo com o coordenador-técnico do Dieese, Fausto Júnior, as consequências provocadas pelo Lava Jato levaram a Petrobras a mudar a sua própria lógica de gestão e a empresa passou a priorizar mais os interesses dos acionistas em detrimento dos interesses do país. A estatal diminuiu até mesmo a produção de gasolina. Após a Lava Jato, a empresa teria deixado de investir mais de R$ 100 bi que já estavam programados em seu cronograma de obras e serviços.
Para Fausto Júnior, não fossem os impactos negativos provocados pela Lava Jato, a recessão verificada nos ano de 2015 e 2016 poderiam ter sido atenuadas com um aumento em torno de 1% do PIB e nos dois anos seguintes o país poderia ter crescido ainda mais além.
Para ele, os impactos da operação na economia são muito fortes, mas são muito mais profundos ainda na sociedade brasileira.
A CUT e o Dieese preparam a publicação de um livro que irá compilar todo o conteúdo do estudo realizado e também deverá ser publicada uma cartilha com linguagem popular para que a classe trabalhadora possa compreender bem o que ocorreu realmente e o que está por trás das ações executadas pela Operação Lava Jato. Ações essas que levaram o Brasil a viver tempos tão sombrios como os atuais sob o comando de Jair Bolsonaro, que foi o maior beneficiário de todo um esquema comandado pelos procuradores de Curitiba para perseguir e titrar o ex-presidente Lula da disputa política eleitoral.
O estudo também será entregue aos presidentes da Câmara dos Deputados, Arthur Lira (PP-AL), e do Senado, Rodrigo Pacheco (DEM-MG); e aos ministros do Supremo Tribunal Federal (STF), para que, com base nos fatos e números estudados pelo Dieese, seja feita uma investigação profunda e que os responsáveis sejam punidos.
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