Desde o primeiro mandato do Presidente Lula, o tamanho e o papel do Estado tem sido objeto de debates. Os que criticam a condução dos negócios públicos do país, esquecem que foram amplamente derrotados nas urnas em 2006. Nas eleições, o bloco PSDB-DEM acenou com programas de privatização, choque de gestão e outros tantos do gênero. A população lhes deu as costas. O processo eleitoral gestou a conjunção entre o plano de governo do candidato e o desejo de largos estratos da população.
Daí o índice de aprovação das políticas de inclusão social e educacional. Este foi o projeto de governo aprovado pela população. Não é de estranhar que as propostas sejam assumidas pelo povo que as sancionou através do voto. Seria inusitado se, ao contrário, o governo federal assumisse práticas de gestão voltadas para a redução do estado ou a privatização dos bens públicos.
Portanto, chama a atenção a sanha acusatória que assola a oposição. A bola da vez é o que eles chamam de gestão “temerária” da Petrobras. Em recente entrevista o presidente do sindicato do engenheiros da empresa alertou para “a atual campanha de desmoralização da empresa”. Lembrou que “na gestão do PSDB, o monopólio do petróleo foi quebrado, o nome da empresa modificado e foram vendidas 36% das ações da Petrobrás na Bolsa de Nova York por menos de 10% do seu valor real’. Diz mais: que “a tentativa de desacreditar a Petrobras perante a opinião pública, talvez esteja ligada à produção do pré-sal, cuja descoberta evidencia a existência de reservas seis vezes maiores que as existentes até hoje”.
Vale fazer menção à contenda, que em meados dos anos 40 dividiu o país entre quem era a favor ou contra o monopólio estatal do petróleo. Venceram os que defendiam que sendo o petróleo um produto estratégico, sua exploração não deveria ser entregue à atividade privada e que tudo relacionado ao petróleo deveria ser tarefa nacional.
A campanha “O Petróleo é Nosso” galvanizou a população contra os que defendiam o capital externo americano na exploração do petróleo. A nação dividiu-se entre “nacionalistas X entreguistas”. Sem os meios de divulgação, os nacionalistas recorreram à mobilização popular, saíram às ruas e foram apoiados pelo Partido Comunista brasileiro, um dos baluartes da grande batalha pela opinião pública e que acabaria vitoriosa.
Os “entreguistas” argumentavam que o Brasil não dispunha de capital nem de tecnologia para lidar com a extração do petróleo. A história provou o contrário. A Petrobras é hoje a quarta empresa mais respeitada do mundo e referência mundial em pesquisa, exploração e processamento de xisto. Sua imagem de seriedade e sofisticação tecnológica é motivo dela ser, pelo quarto ano consecutivo, a empresa mais desejada pelos jovens brasileiros como local de trabalho.
A Petrobras está na berlinda novamente, frente a uma nova campanha de desmoralização, o que nos remete a 1995: o PSDB era governo e parte da mídia, comprometida com interesses de grupos econômicos, patrocinou uma campanha pela quebra do Monopólio Estatal do Petróleo e contra as estatais, em especial a Petrobrás, cuja privatização fazia parte dos acordos com o FMI.
Na campanha de hoje, operações administrativas de rotina são utilizadas para a difamação da empresa e de seus gestores. Custa a crer que se busque prejudicar a imagem de uma das empresas mais respeitadas do mundo. É o que transparece. E aqui cabe a interrogação: a quem interessa a desestabilização da Petrobras e do Brasil?
*Fátima Berezza é Professora e Deputada Federal PT-RN