O Brasil assiste à destruição de seu maior patrimônio estratégico e de uma das mais importantes reservas ambientais do planeta. Neste ano de 2019, o desmatamento da Amazônia cresceu 67,2% em relação ao mesmo período do ano passado. Somente no mês de julho, o índice cresceu 278% conforme dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, cuja divulgação gerou a demissão de seu presidente Ricardo Galvão. O número de incêndios florestais no país aumentou de 39.759 em 2018 para 72.843 apenas nestes sete meses, sendo que mais da metade ocorreu na Amazônia.
Os dados científicos e insofismáveis provocaram uma reação internacional de governos e instituições que contribuem para o fundo de preservação da Amazônia. Muitos anunciaram que deixariam de contribuir como forma de protesto. Como sempre, inicialmente Bolsonaro respondeu com bravatas. Alertado para a gravidade da situação, teve o desplante de utilizar dados da época dos governos Lula e Dilma para provar uma “redução significativa” na área desmatada, de 27 mil km2 para 7.500, entre 2004 e 2018. Não disse que a redução ocorreu exatamente nos períodos de Lula e Dilma, quando existiam políticas consistentes de preservação ambiental e os organismos responsáveis eram valorizados. Desde então, o desmatamento cresceu.
O impacto que todos sentimos com a escuridão verificada nos estados do Centro do país em função das queimadas mostra que o problema é grave e é de todos nós. Infelizmente, somos governados por um cidadão que cultua e incentiva o desmatamento, reproduzindo uma visão atrasada de desenvolvimentismo predador segundo a qual queimar a Amazônia ajuda a desenvolver a atividade agrícola. Ao contrário, o Brasil só tem a perder riquezas e recursos. Ao assumir, Bolsonaro cortou o orçamento do Ibama em 25% e fechou o órgão encarregado de fiscalizar as queimadas. Além disso, procura alimentar com fake news o preconceito contra as ONGs e os movimentos ambientais.
A soberania do Brasil sobre a Amazônia é fundamental, todos queremos isso, mas só haverá soberania se o país for capaz de realizar um pacto pela preservação de suas florestas. O presidente precisa ser contido nessa insana conduta de destruir a Amazônia, de perseguir a ciência, a cultura, a educação, a liberdade de pensamento. Salvar a Amazônia é uma tarefa inadiável de todos os brasileiros.
*Henrique Fontana, deputado Federal (PT-RS)
Artigo Publicado originalmente no Jornal GGN