“A base trincou há um tempo por falta de discussão”, diz Guimarães

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Em entrevista ao jornal O Estado de São Paulo, o líder do PT fala sobre as relações do governo com a base no Congresso. Confira a íntegra da entrevista, concedida a Eduardo Bresciani.

Líder do PT na Câmara, José Guimarães (CE) acredita que as manifestações de rua de junho colocaram o partido em uma encruzilhada que vai muito além do racha da bancada. Para ele, PT e governo precisam buscar um caminho para manter o equilíbrio fiscal e atender aos protestos por serviços públicos de melhor qualidade. Esse debate, afirma,passa por uma repactuação da base aliada. Traduzindo: o governo da presidente Dilma Rousseff precisa de menos partidos a seu lado, mas mais fiéis.

O senhor tem falado em repactuação da base. O que é isso?

É uma rediscussão da base na ideia do projeto, de uma profunda identidade com o programa que está sendo executado pelo presidente Lula e, agora, pela presidente Dilma. Quando há divergência, tem de haver espaço político para tratar. O que não pode é isso derivar para ataques ou disputar com o governo. Defendo nitidez política. Prefiro uma base menor, mas que tenha mais identidade programática. Não estou excluindo ninguém. A espinha dorsal da aliança é PT e PMDB. Esses não podem guerrear e temos que recompor.

Está convencido de não ser possível manter coesão com uma base deste tamanho?

Acho que o presidencialismo de coalizão precisa ser repensado para o bem da democracia. A preliminar é ter aliança programática. Temos uma base muito ampla e eu defendo que a gente possa aprimorar, até para não ter conflito. Quem é independente, que fique independente. Agora, quem é base, é base. E, para isso, não precisa de toma lá, dá cá. Temos um projeto. Estamos com a Dilma para a reeleição. A centralidade da aliança para 2014 tem de ser costurada com um núcleo de PT e PMDB

O governo mudou o ministério para atender o PDT e PR, mas nem sempre tem o apoio deles…

Está errado. Temos de sentar e discutir o que cada ministério está executando, ver o grau de identidade. E, na discussão, se não deu, adeus, não precisa morrer. Quem ficar, ficou.

Aliados estão se aproveitando desse momento de dificuldades?

A base trincou por um processo de desgaste que vem há um tempo. Não acho que seja por esse momento (pós-protestos). É um desgaste natural por acúmulo de problemas não discutidos. Essa crise mudou o sinal de amarelo para vermelho.

Publicada no site do Estadão – 20 de julho de 2013 | 17h 36

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