A importância vital dessas eleições – após dois anos de um golpe no Brasil e diante de crises democráticas no mundo todo – foi tema de abertura do Seminário “Ameaças à Democracia e a Ordem Multipolar”, realizado pela Fundação Perseu Abramo (FPA) em São Paulo. Participaram da mesa de abertura o chanceler e ex-ministro das Relações Exteriores Celso Amorim, a presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann (PR), e presidente da FPA, Márcio Pochmann.
Na visão dos três, a interrupção da política de cooperação internacional – na relação com os BRICs e com os países africanos – faz parte de um movimento mais amplo da falência no funcionamento das instituições democráticas no Brasil, culminando na prisão política de Lula e nas manobras para impedi-lo de concorrer às eleições. Importante lembrar que essa política de cooperação foi iniciada pelos governos Lula e Dilma.
Amorim abriu o evento lendo cartas de dois ex-presidentes africanos sobre o caso do ex-presidente brasileiro. “É chocante ver alguém que fez tanto pelo seu povo e pela cooperação entre países e continentes, privado de sua liberdade. Em 2013, acompanhei sua visita à África e pude percebeu que sua eleição representava o renascimento de uma cooperação entre o Brasil e o povo africano”, escreveu John Kufuor, ex-presidente de Gana de 2001 a 2009.
Na sequência, Gleisi Hoffmann chamou atenção para o rompimento dos três pilares do pacto firmado pela Constituição de 88: reconhecimento dos mínimos direitos sociais, eleições democráticas e soberania nacional. O primeiro, ameaçado pelos cortes promovidos pela Emenda Constitucional 95, e os seguintes pelo golpe que derrubou a presidenta eleita, Dilma Rousseff, e pelas investidas frequentes do governo usurpador pela venda do patrimônio nacional.
A senadora falou também da preocupação com o andamento do processo democrático. “O fato de Lula não participar das eleições já desestabiliza o processo. Nós estamos vivendo o período mais longevo de democracia na nossa história. Sempre tivemos soluços democráticos intercalados por golpes”.
Márcio Pochmann considera o pleito deste ano essencial não só para a retomada de um projeto soberano e progressista, mas para a retomada de uma busca ainda mais ampla por um futuro diferente.
Da redação da Agência PT de notícias