Parlamentares da Bancada do PT, Maria do Rosário (RS), Benedita da Silva (RJ) e Zé Geraldo (PA) se revezaram na tribuna da Câmara, nesta terça-feira (4), para lamentar o descaso do governo golpista de Michel Temer que redundou no incêndio que destruiu no último domingo (2) parte do acervo cultural e histórico guardado no Museu Nacional do Rio de Janeiro.
“As chamas que tomaram conta do Museu Nacional, importante patrimônio histórico e arqueológico brasileiro, não se iniciaram naquela centelha que destruiu o museu, mas certamente passam pelo golpe que o Brasil viveu em 2016, com a tentativa de destruir o Ministério da Cultura. O ataque à cultura foi seguido pela Emenda 95, que acaba com recursos da educação, da saúde e, por consequência, da cultura nacional e de todas as demais áreas”, criticou Maria do Rosário.
A deputada Benedita da Silva lembrou que mais de 20 milhões de itens que compunham as peças do museu foram destruídas, justamente no ano em que a instituição completou 200 anos de existência. “Temos notícias de que menos de 10% do acervo pôde ser salva. Estamos falando de fósseis, de múmias, dos registros históricos, das obras de artistas consagrados, como Pablo Picasso, Salvador Dali, Portinari, Di Cavalcanti, que dolorosamente viraram cinzas”, lamentou.
A deputada observou que os prejuízos não foram apenas materiais. “Foram queimadas esperanças, estudos, avanços que nós poderíamos ter realizado na medida em que ali tínhamos coisas praticamente milenares da história da humanidade, não apenas da história do Rio de Janeiro ou do Brasil”, explicou.
Um dos fatos importantes citado pela deputada diz respeito à perda de documentos relativos a Lei Áurea. “Isso é muito sério, principalmente para quem sabe como chegaram nossos ancestrais neste País e o que significou a Lei Áurea naquele momento”, frisou Benedita, que ainda citou a perda de um pergaminho grego do século XI sobre os quatro evangelhos mais antigos da Biblioteca Nacional da América Latina.
Para o deputado Zé Geraldo, o que ocorreu no último domingo revela o que o governo Temer não está só vendendo o Brasil a preço de banana, mas “queimando a memória do povo brasileiro”. “O incêndio que aconteceu no Rio de Janeiro, em que houve a queima quase total do Museu Nacional, deixa-me muito entristecido. São mais de 200 anos de trabalho, de história, de acúmulo. É inadmissível que neste governo tudo vá por água abaixo. Não podemos deixar o Brasil prosseguir nesta direção”, recomendou Zé Geraldo.
Benildes Rodrigues