Após um intenso movimento de obstrução, a Comissão Especial da Reforma Política aprovou apenas duas atas de reuniões anteriores, sem conseguir concluir a votação do relatório do deputado Henrique Fontana (PT-RS). Ao pedir a leitura das atas e verificação de quórum para aprovação das matérias, o deputado Eduardo Cunha (PMDB-RJ) conseguiu inviabilizar o debate sobre o relatório.
A reunião foi suspensa por causa do início da Ordem do Dia no plenário da Casa.
Ao lamentar a atitude do parlamentar peemedebista,Fontana explicou os reais motivos da manobra. “Após dezenas de reuniões para ouvir a opinião de todos os partidos, o meu grande objetivo como parlamentar é aprovar uma reforma política para o país. Eu tenho a leitura de que o deputado Eduardo Cunha é contra essa mudança e tenta ganhar tempo para deixar tudo como está”, afirmou.
Para Henrique Fontana, a ação do deputado do PMDB visa impedir, principalmente, a adoção do financiamento público de campanha.Para o petista, o receio de Eduardo Cunha é que o destaque apresentado por ele para derrubar esse ponto da reforma, não consiga votos suficientes para ser aprovado no colegiado.
“Infelizmente o caminho da obstrução é o mais fácil para impedir a votação da reforma, mas tenho o sentimento de que esse não é o desejo da maior parte dos integrantes dessa comissão”, destacou Fontana. Para o relator, o atual modelo privado de financiamento é antidemocrático porque afasta da política pessoas sem capacidade de arrecadar recursos.
De acordo com o petista, além de facilitar a participação do crime organizado nas eleições, o financiamento privado também cria um clima de suspeição que recai sobre toda a classe política brasileira.
Héber Carvalho