O líder do PT na Câmara dos Deputados, Paulo Pimenta (PT-RS), pediu a demissão de Pedro Parente e anunciou que a bancada do PT irá acionar a Justiça para anular as alterações no estatuto da Petrobrás que, na prática, privatizam por dentro a companhia e a colocam sob controle de suas concorrentes multinacionais.
Em seu pronunciamento na tribuna da Câmara, nesta quarta-feira (23), Pimenta explicou que o governo golpista de Michel Temer inseriu uma cláusula no estatuto da Petrobrás que obriga o seu ressarcimento da empresa, pelo erário público, em razão de qualquer política de preços de combustíveis que contrarie a lógica de lucro máximo do mercado, em detrimento da sociedade e da economia nacional.
O líder petista expôs as alterações feitas no estatuto social da estatal “para se proteger de interferências do governo”, mas lembrou que “o governo é o controlador da empresa e, portanto, não existe interferência, mas o exercício das prerrogativas de controle”. Além disso, Pimenta denunciou as indicações de executivos de concorrentes internacionais da Petrobrás para o seu conselho de administração, como é o caso de José Alberto de Paula Torres, um dos mais importantes executivos da Shell, há 27 anos nesta companhia.
O papel de Pedro Parente foi muito criticado por Pimenta, que comparou o funcionário a um novo imperador do Brasil. “Alguém me dizia hoje que no Brasil nós tivemos Pedro I, Pedro II e agora Pedro Parente, o terceiro imperador do Brasil, para quem o governo golpista entregou a Petrobrás. E todos nós sabemos que Pedro Parente veio do mercado, também, como representante de uma consultoria das grandes petroleiras internacionais”, ressaltou o líder, que questionou os parlamentares presentes a respeito do golpe de 2016.
“A pergunta que eu faço especialmente aos tucanos, de onde ele é oriundo: qual a relação disso com o afastamento da presidenta Dilma Rousseff? Qual a relação disso com a mudança das regras de exploração do pré-sal?”, perguntou.
“O que este governo fez é criminoso e a bancada do Partido dos Trabalhadores responsabiliza este governo e os seus aliados – que produziram nesse país um golpe institucional e tiraram do governo a presidenta Dilma – por esta crise instalada no Brasil. Venderam o Brasil, venderam a Petrobras e agora não sabem o que fazer”, apontou Pimenta.
“A bancada do PT entrará na Justiça para questionar a legalidade, a moralidade destas modificações no estatuto da Petrobrás que não encontram qualquer amparo no texto constitucional e transformaram o governo Temer refém desta empresa”, informou o petista, antes de exaltar as conquistas da Petrobrás sob os governos do PT.
“A Petrobrás que tinha garantido 100% da extração do óleo do pré-sal. A Petrobrás reconhecida internacionalmente. A Petrobrás responsável pela maior descoberta de petróleo do século XXI, o nosso pré-sal. Hoje é uma empresa que foi entregue às multinacionais e colocaram lá um preposto chamado Pedro Parente que representa o mercado”, lamentou.
Crise – Paulo Pimenta também abordou a crise causada pela disparada dos preços dos combustíveis. “Tivemos hoje no interior de São Paulo gasolina vendida a R$ 9,20. Em Pernambuco, gasolina vendida a mais de R$ 7. Em Santa Catarina, gasolina vendida a R$ 6,50. E por que o governo não age?”, indagou.
“Nós queremos a demissão de Pedro Parente por ato lesa-pátria e vamos à Justiça para anular o que a Petrobrás fez”, concluiu o líder.
Assista ao vídeo completo do discurso de Paulo Pimenta:
Rogério Tomaz Jr.