A presidenta eleita Dilma Rousseff lamentou nesta segunda-feira (23) ter sido impedida de visitar o ex-presidente Lula na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba, em decisão tomada pela juíza Carolina Moura Lebbos, da 12ª Vara Federal da capital paranaense. Ao sair do prédio, a presidenta eleita criticou durante coletiva à imprensa a situação de isolamento ao qual Lula está submetido e lembrou que nem mesmo na época da ditadura militar a visita de amigos era proibida.
“É uma situação estranha porque não há justificativa para o presidente Lula estar em uma situação de isolamento, ou em regime especial de prisão em que pessoas que o conhecem não possam visitá-lo. Eu estive presa durante a ditadura, e mesmo naquela época era possível receber a visita de parentes, amigos e dos advogados”, observou.
Ainda de acordo com a presidenta, todo esse processo arbitrário – desde a condenação de Lula sem provas até a prisão dele antes de esgotado todos os recursos – faz parte da terceira parte do golpe que a destituiu da presidência da República.
“Esse momento faz parte de um longo processo que começou em 2016 com o impeachment sem crime de responsabilidade, e a partir daí entronizando no Brasil uma camarilha que se especializou ao longo do tempo em levar vantagem dos cargos que ocupava. O estranho é que essa camarilha esteja solta, enquanto Lula, que jamais cometeu crime esteja preso”, comparou Dilma.
Para a presidenta, fica claro que a ilegalidade cometida contra Lula tem objetivos eleitorais. Segundo Dilma Rousseff, “prendem Lula para que ele não seja candidato, porque conhecem a liderança e o respeito dele junto ao povo e à comunidade internacional”.
“Venho de uma viagem internacional pela Espanha e pelos Estados Unidos e pude ver a admiração e o respeito pela trajetória de Lula. Portanto, prendê-lo é uma tentativa de manter o golpe vivo, tirando a pessoa que pode derrotá-lo em 2018. Mas eles não vão conseguir, porque o povo vai resistir”, avisou.
Candidatura Lula– Ao responder indagações da imprensa sobre uma possível candidatura alternativa a de Lula, Dilma respondeu que Lula é o candidato do PT à presidência em 2018.
“A troco de quê (adotaríamos) plano B, se nós consideramos Lula inocente? Por que querem que nós retiremos Lula do pleito? Querem isso porque sabem o imenso constrangimento para a população brasileira e para o mundo tirar da disputa alguém que é uma grande liderança internacional, que tirou 36 milhões de brasileiros da pobreza”, ressaltou.
Héber Carvalho