Dilma rebate “receitas fracassadas” impostas à Europa como solução para crise

DilmaPOAA presidente Dilma Rousseff criticou na quinta-feira à noite,  no Fórum Social Mundial (FSM),  em Porto Alegre, as  “receitas fracassadas” que estão sendo impostas à Europa como solução para a crise econômica.  Ela disse não estar satisfeita com os resultados da reunião do G-20 ocorrida em novembro, em Cannes, na França, e frisou ser difícil “produzir novas ideias e alternativas” quando se está “dominado por preconceitos políticos e ideológicos”.

“Conhecemos bem essa história … impingiram aos países da América Latina o modelo conservador que levou nosso país à estagnação, à perda de espaço democrático e soberano, aprofundando a pobreza, o desemprego e a exclusão social. Hoje, essas receitas fracassadas estão sendo propostas novamente na Europa”, disse a presidente no Fórum Social Temático, versão local do FSM.

Países membros do G-20, incluindo o Brasil, têm prometido ajuda monetária à Europa por meio do Fundo Monetário Internacional (FMI). Para isso, exigem que o continente resolva seus problemas fiscais.

Militância – A presidente foi recebida no ginásio Gigantinho por uma militância de partidos políticos e organizações de esquerda. Ao lado do governador do Rio Grande do Sul, Tarso Genro (PT), ela voltou a falar contra o neoliberalismo e na mudança de rumos no país desde 2003,  quando Luiz Inácio Lula da Silva assumiu o Planalto.

“O grande nó que o presidente Lula começou a desatar em 2003 é o da exclusão social, como mostram os 40 milhões de brasileiros que deixaram a miséria e ascenderam às classes médias… O lugar que o Brasil ocupa no mundo não é consequência de nenhum milagre econômico, é consequência do trabalho de seu povo e seu governo. O Brasil hoje é um outro país”, disse Dilma.

Ela falou da importância dos movimentos sociais para que a Rio+20, conferência ambiental da Organização das Nações Unidas (ONU) que será realizada no Rio de Janeiro, em junho, tenha sucesso.  Ela defendeu os objetivos da  Rio+20 , que tem sido questionada por militantes do Fórum Social Mundial.

Renovação – Segundo a presidente, a tarefa atual da sociedade é “desencadear um movimento de renovação de ideias e novos processos absolutamente necessários para enfrentar os dias difíceis”.

Dilma declarou que a crise dá um significado especial à Rio+20. Para ela, a conferência deve ser um momento importante de um “processo de renovação de ideias”.  

“O que estará em debate é um modelo de desenvolvimento capaz de articular o crescimento e a geração de emprego, a erradicação da pobreza e a redução das desigualdades, a participação social e a ampliação de direitos, educação e inovação tecnológica, o uso sustentável e a preservação dos recursos ambientais”, acrescentou.

Dilma destacou que esse modelo deverá se basear na premissa de que “é possível crescer, incluir, proteger e conservar”, além de ser “sustentável” nos aspectos “econômico, social e ambiental”.

Dilma citou ainda os movimentos de protesto e de ocupação, como o Ocuppy  Wall Street, que surgiram nos últimos anos na Europa e nos Estados Unidos como “sintomas importantes” da dissonância entre governos e seus povos.  “O mundo pós-neoliberalismo não pode ser o da pós-democracia”, disse ela.

Mais cedo, ao participar de um evento fechado para cerca de 80 pessoas, Dilma chegou a dizer, segundo relato de três participantes feito à Reuters, que a população brasileira está “vacinada” contra o neoliberalismo.

As declarações da presidente foram relatadas ainda pelo teólogo Leonardo Boff e pelo empresário Oded Grajew. Ela ainda defendeu que a parcela não-governamental do evento tenha o lema “Um Outro Mundo é Possível” para a Rio+20.O mote é lema do FSM desde 2001.  

Segundo os relatos, a presidente defendeu diante do grupo que não é mais possível adotar um discurso anticapitalista, pois ele “não dura cinco segundos”.  “Não adianta ser anticapitalista. Precisamos de alternativas”, teria dito a presidente, de acordo com os relatos.

Equipe Informes, com agências

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