Os cineastas Laís Bodanzky e Luiz Bolognesi defenderam hoje (24) o aprofundamento da discussão, por toda a sociedade brasileira, a respeito da construção da usina hidrelétrica de Belo Monte, no rio Xingu, no Pará, uma das principais obras previstas no Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
Em reunião com o líder do PT na Câmara, deputado Paulo Teixeira (SP), ambos manifestaram preocupação com o futuro dos índios que habitam o Parque Nacional do Xingu, que têm como sagrada a área da futura hidrelétrica.
“A obra suscita um debate, no plano global, sobre como as sociedades devem optar por modelos sustentáveis; agora, longe do calor eleitoral de 2010, deve ser discutida de forma ampla pela sociedade brasileira”, disse Lais. Ela concordou com a necessidade do País de geração de energia, mas defendeu uma discussão sobre o modelo que se baseia num sistema econômico consumista que gera demandas energéticas crescentes. A cineasta também admitiu a importância da modernização das atuais fontes geradoras de energia, para que possam aumentar sua capacidade de geração sem impacto ambiental adicional, diminuindo assim a necessidade de novos empreendimentos na área.
Bolognese disse que fontes mais limpas de energia, como a eólica e a solar, não vão suprir as necessidades do Brasil e admitiu a necessidade de construção de hidrelétricas na Amazônia. “Desde que não sejam em Belo Monte, onde há aspectos culturais milenares que nos levam a uma reflexão sobre o porquê da obra. Hidrelétricas podem ser construídas em outros rios amazônicos, sem as implicações que Belo Monte terá para os indios que vivem no parque nacional do Xingu e os ribeirinhos da região”. Segundo ele, o rio Xingu, para os índios que vivem no parque homônimo da região, é o “centro de referência e a essência de seu modo de vida e de sua mitologia”.
No encontro com o líder do PT, os dois cineastas estavam acompanhados do produtor de cinema Marcos Barreto.
Equipe Informes