A privatização da Eletrobras foi criticada na terça-feira (26) por deputados de vários partidos em audiência com o ministro de Minas e Energia, Fernando Coelho Filho. Membro titular da Comissão de Minas e Energia (CME), o deputado Vander Loubet (PT-MS) foi um dos autores do requerimento que convocou o ministro a dar explicações sobre a intenção do governo com essa medida.
“Não se coloca o parque gerador de energia de uma nação nas mãos da iniciativa privada. É uma questão estratégica, envolve a soberania nacional. Nem os Estados Unidos, que é o símbolo do capitalismo mundial, tomou uma atitude como essa. Lá existe uma agência federal [U.S. Army Corps of Engineers] que cuida desse setor, tamanha é a sua importância”, defende Vander.
A U.S. Army Corps of Engineers (Corpo de Engenheiros do Exército dos Estados Unidos) integra 34.600 civis e 650 militares, sendo o maior operador de usinas hidrelétricas dos Estados Unidos e um dos maiores do mundo. A agência controla 75 usinas que juntas somam capacidade de mais de 20 gigawatts (GW) e geram 100 milhões de megawatt-hora (MWh) por ano – um terço da produção total de energia hidrelétrica do país.
Os números da Eletrobras são ainda mais significativos do que os da agência federal norte-americana. As usinas controladas pela estatal brasileira produziram em 2016 cerca de 170 milhões de MWh, o suficiente para atender a mais de um terço do consumo anual de eletricidade do Brasil. A capacidade instalada é de quase 47 GW, o que representa 31% do total instalado no Brasil.
Deputados também disseram haver risco de desnacionalização do setor elétrico nacional com a venda da Eletrobras por valor baixo (cerca de R$ 20 bilhões, quando o real valor estaria próximo a R$ 400 bilhões) e de descontinuidade de programas sociais, como o Luz para Todos.
(AP)