O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva concedeu entrevista para a mídia independente de Pernambuco, na manhã desta sexta-feira (25). A parada no estado faz parte da caravana Lula pelo Brasil, que está rodando o Nordeste para ver de perto a realidade do povo brasileiro. Depois da entrevista, Lula seguiu para Ipojuca, no litoral sul de Pernambuco.
A entrevista coletiva foi transmitida ao vivo no programa Fora da Curva, da Rádio Universitária de Pernambuco.
Lula criticou as ações do governo ilegítimo de Michel Temer, em especial as reformas que estão retirando direitos dos trabalhadores, como a trabalhista e previdenciária. “Qualquer político de esquerda que assumir o governo terá que rever essas reformas que estão sendo feitas por esse governo e terá de pensar em algo chamado plebiscito revogatório, justamente para desfazer a destruição de direitos. Porque tudo o que um governo não deve fazer, eles estão fazendo”, declarou.
Lula também falou da visão que se tinha do Nordeste antes dos governos do PT, como “região produtora de miseráveis”. “Eu nunca acreditei nisso. Até porque o Nordeste era a região mais rica do País até a vinda de D João VI. Desde então, a região foi relegada a um empobrecimento. Por isso, temos que discutir que tipo de desenvolvimento queremos para o Nordeste”.
Universidades – O ex-presidente lembra que levou “indústrias do conhecimento” para a região, que são as universidades e escolas técnicas criadas por Lula e Dilma no Nordeste. “Uma universidade num estado gera milhares de empregos. E ao mesmo tempo resolvemos fazer políticas de financiamento para os setores mais necessitados, inclusão bancária de 70 milhões de pessoas. O Nordeste passou a ter desenvolvimento do nível da China em determinado momento. O Nordeste passou a ter um padrão de vida muito melhor. O povo passou a respirar esperança. As cisternas mudaram a convivência com a seca”, apontou.
Lula disse que tinha um sonho que não conseguiu realizar, que era o de pegar a região mais seca do País e fazer um centro formador de medicina.
A comunicação também foi tema da conversa. O ex-presidente lembrou da criação da Empresa Brasil de Comunicação (EBC). “Nós avançamos quando aprovamos a TV Brasil. E não foi fácil”. E fez um mea culpa: “Acho que nós deveríamos ter feito mais do que fizemos. E tenho quase como um compromisso de honra que nós vamos fazer a regulação da comunicação”.
Lula alertou, entretanto, que isso vai depender da correlação de forças dentro do Congresso. “Nossa capacidade de fazer reformas depende da nossa capacidade de convencer o povo de que é importante votar consciente no legislativo. As reformas que nós queremos fazer estão intimamente ligadas à capacidade de convencer a população a dar ao presidente o apoio dentro do Congresso. A urna não é depósito de ódio, mas sim de esperança”.
A presidenta nacional do PT, senadora Gleisi Hoffmann, e a presidenta eleita Dilma Rousseff também participaram da entrevista. Sobre a regulação da comunicação, Gleisi enfatizou que não se trata de censura, e sim de regular a questão econômica. “Os meios de comunicação são concessões públicas. E isso é feito em todo o mundo. Os EUA têm mídia regulada, a Inglaterra tem mídia regulada”, afirmou Gleisi.
Golpe – Já a presidenta Dilma ressaltou que o golpe que a derrubou do poder foi dado com o objetivo de enquadrar o Brasil, criando um imenso desequilíbrio entre os poderes. E que a perseguição ao ex-presidente Lula faz parte desse processo: “Como não têm bom candidato, querem destruir Lula. O objetivo é tirar do jogo a alternativa progressista e popular”.
Para Dilma, é preciso resistir. “Os jovens, os segmentos populares têm de resistir. Nós precisamos de um tsunami de resistência”, declarou.
Agência PT de Notícias