O líder do PT na Câmara, Carlos Zarattini (SP), defendeu hoje (11), em artigo, o afastamento do presidente ilegítimo Michel Temer do cargo, para que seja processado pelo Supremo Tribunal Federal pelo crime de corrupção passiva. Zarattini alertou, contudo, que a substituição de Temer pelo presidente da Câmara, Rodrigo Maia (DEM-RJ), não vai resolver a grave crise por que passa o país.
Na opinião de Zarattini, para tirar o Brasil do atoleiro econômico, político e institucional a solução é a realização de eleições diretas já. Segundo ele, Rodrigo Maia no cargo de presidente da República seria “trocar seis por meia dúzia”, uma vez que ele, como Temer, defendem um modelo antinacional, antipopular e destruidor de direitos sociais e econômicos da população.
Conforme escreveu no Blog do Noblat, para concretizar o afastamento de Temer é necessária uma grande pressão da população sobre os deputados, que vão autorizar ou não o processo contra o presidente ilegítimo. “A pressão é legítima, ou tudo pode acabar em pizza, com o rolo compressor do governo cooptando deputados para manter Temer no cargo”, sublinha Zarattini.
Leia a íntegra do artigo:
Nem Temer, nem Maia: Diretas Já!
A cada dia, consolida-se na opinião pública brasileira a percepção de que o ilegítimo presidente Michel Temer deve sair do cargo. A necessidade de afastamento ficou clara nesta segunda-feira (10), na leitura do relatório do deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ) no qual deu parecer favorável à admissibilidade da denúncia contra Temer na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ) da Câmara por corrupção passiva, encaminhada pela Procuradoria-Geral da República. Em seu voto, Zveiter avaliou que há indícios “sérios” e “suficientes” de prática delituosa de Temer para que a Câmara autorize a instauração da ação penal.
Porém, para concretizar o afastamento e o processo contra Temer — já que ele não tem a grandeza de renunciar —, será preciso ampla e forte pressão da população nos deputados. A pressão é legítima, ou tudo pode acabar em pizza, com o rolo compressor do governo cooptando deputados para manter Temer no cargo.
Elitismo – Mas que ninguém se iluda: a substituição de Temer por Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara, significa trocar seis por meia dúzia. Essa solução, estimulada por setores da mídia e da elite brasileira que apoiaram o golpe que derrubou a presidenta legítima Dilma Rousseff, não é a melhor para o País. Pelo contrário, significa a continuidade de um modelo errado, elitista, antinacional e antipopular. A saída é eleições DIRETAS JÁ!
O Brasil não suporta mais a coleção de fracassos de um governo ilegítimo e envolvido até o pescoço em denúncias de corrupção. É um governo que se norteia por diretrizes ortodoxas que só agravam a crise econômica e social. É este o modelo de Rodrigo Maia.
As hostes golpistas que apoiam Maia têm o objetivo claro de dar fôlego a um modelo com os mesmos objetivos do golpe de 2016: os retrocessos e ataques aos direitos dos trabalhadores e à soberania nacional. Isso os unifica, o que os divide é como constituir um governo que continuará ilegítimo e orientado a empreender ações exclusivamente a favor de setores privilegiados da sociedade (em especial o sistema financeiro) e interesses de grupos estrangeiros.
Piada – Se mais de 90% do povo brasileiro rejeita o governo golpista, não vai ser um presidente-tampão que irá debelar a crise. Carece de legitimidade. Os que defendem esta saída são principalmente o DEM e o PSDB, que há quinze anos estão fora da Presidência da República e que agora querem retornar, sem nenhum voto popular. E são esses dois partidos que, ao apoiarem o golpe, ajudaram a transformar o Brasil numa piada mundial, sem nenhuma importância nas concertações políticas globais. Temer foi tratado como um zumbi no encontro do G-20 na Alemanha, um intruso sem legitimidade para atuar num foro tão importante.
Exemplos de retrocessos e insucessos do governo que Maia defende não faltam: são mais de 14 milhões de desempregados, 61 milhões de inadimplentes, desindustrialização a pleno vapor, fechamento da indústria naval, o desmonte e fatiamento da Petrobras para abrir as portas à sua privatização, a liberação da venda de terras para estrangeiros, a abertura de mais de 20 mil áreas para mineração na Amazônia, com impacto no meio ambiente e em reservas indígenas, a privatização do setor elétrico…
Ao PT, oposição em geral e movimentos sociais cabe revigorar as campanhas Fora,Temer! e pelas Diretas Já! Esse movimento é estratégico, para barrar retrocessos como as reformas trabalhista e da Previdência, que tiram sem dó nem piedade direitos dos trabalhadores. É só com eleições para presidente, vice-presidente, senadores e deputados federais, ainda este ano, que teremos condições de voltar a ter um governo legítimo e comprometido com o desenvolvimento econômico com justiça social e que defenda os interesses nacionais.
O povo não quer a troca de Temer por Maia, para tudo ficar a mesma coisa. Para mudar, resgatando a democracia, um projeto de desenvolvimento sustentável com inclusão social, a defesa dos direitos e a autoestima do povo brasileiro, a saída é Diretas Já! O povo quer votar o mais rapidamente possível.
(*) Carlos Zarattini é deputado federal (PT-SP), líder do partido na Câmara
Artigo publicado originalmente no Blog do Noblat em 11 de julho de 2017
PT na Câmara