Deputados da Bancada do PT se revezaram na tribuna da Câmara, nesta terça-feira (20), para analisar o atual cenário político brasileiro. Para falar de um governo golpista que já acabou, do esvaziamento da Câmara desde que a deleção da JBS veio a público e também do apoio tucano ao governo Temer. “O PSDB manifesta, através de suas lideranças, que está desenvolvendo um papel republicano ao não desembarcar do governo Temer. Isso não é verdade, porque o governo Temer é o governo tucano”, afirmou o deputado Padre João (PT-MG).
Na avaliação do deputado do PT mineiro, ouvir de alguns colegas que eles tinham expectativa de o PSDB desembarcar do governo ilegítimo é uma coisa. “Agora, ouvir lideranças do próprio PSDB pedirem para desembarcar é outra coisa. Desembarcar de si mesmo? Porque, na verdade, este Governo é tucano. Este Governo é resultado de um golpe, de um conchavo entre a quadrilha do PSDB e a do PMDB. É um conchavo!” , reforçou.
O deputado Henrique Fontana (PT-RS) destacou que segurar Michel Temer na Presidência da República, diante deste derretimento ético, moral, político e econômico do Brasil “é uma irresponsabilidade com o futuro do País”. Ele alertou ainda que o PSDB está em busca de um acordo de cúpula para eleger um novo presidente entre os deputados. “Este Parlamento não tem legitimidade para escolher o próximo presidente da República, Este Parlamento, por maioria, colocou Eduardo Cunha na Presidência da Casa. Só o povo brasileiro, através de eleições diretas, tem condições de repactuar o País”, reforçou.
Henrique Fontana considerou ainda “vergonhosa” a postura do atual presidente da Câmara, deputado Rodrigo Maia (DEM-RJ), que está esvaziando o Parlamento. “Na sessão desta manhã somos cerca de 15 deputados aqui nesse plenário. Na semana passada foi a mesma coisa. Não há um debate real sobre esta profunda crise que a democracia brasileira está vivendo”, desabafou.
O deputado Valmir Assunção (PT-BA) também lamentou o fato de a sessão deliberativa ter sido convocada para as 11 h e não ter sido iniciada até às 12h30 por falta de quórum. “Aqui tem sido feito um esforço muito grande pelos deputados da base do governo para passar uma ideia de normalidade, mas a crise é muito profunda”. Valmir criticou ainda a viagem do presidente Michel Temer para a Rússia para se encontrar com empresários. “Não sei o que eles irão discutir porque o Brasil está sem credibilidade lá fora depois do golpe”.
O deputado Pedro Uczai (PT-SC) defendeu a necessidade de se recuperar a democracia com eleições diretas para a Presidência da República. “Este Parlamento rompeu com a Constituição e com o legítimo poder do voto soberano do povo brasileiro, que elegeu Dilma Rousseff. Portanto, para além do debate da corrupção de Aécio Neves e Michel Temer, que assaltou o Palácio do Planalto do ponto de vista democrático, agora assalta do ponto de vista da corrupção, da obstrução à Justiça e se lambuzou nas quadrilhas organizadas dentro do espaço da Câmara, do Senado e, no último ano, no Palácio do Planalto”, criticou.
Vânia Rodrigues