Em artigo, o deputado Leo de Brito (PT-AC) analisa a irresponsabilidade do senador afastado tucano Aécio Nevespara com o país. E, também, a inconsequência de seus atos, lembrando as gravações da JBS em que, em uma das interceptações, o senador disse que o PSDB entrou com ações contra o PT no TSE ‘‘só para encher o saco”. Leia a íntegra:
A irresponsabilidade com o País
De todas as declarações que vieram à tona com as gravações da JBS, a que mais chamou a atenção foi a do senador afastado Aécio Neves. Em uma das interceptações, o senador disse que o PSDB entrou com ações contra o PT no TSE ‘‘só para encher o saco’’. Por essa declaração, o neto de Tancredo já pode ser considerado o maior mau perdedor de eleições da história brasileira.
Se antes Aécio era conhecido nos bastidores da política pelos seus métodos de conciliação e pela pose de estadista, depois das eleições de 2014, o mineirinho vestiu a carapuça de um falso radical moralista, em defesa das ‘‘pessoas de bem desse país’’. Hipocrisia pura.
Hoje, mesmo com a frieza de quem analisa o passado recente, ainda é possível se impressionar com as consequências da ação irresponsável que culminou com o impeachment de Dilma Roussef: recessão histórica, desemprego recorde, desmonte do estado brasileiro, ataque aos direitos dos trabalhadores e uma crise institucional sem precedentes. Aécio agiu como alguém que queimou o circo, mas este caiu sobre sua cabeça.
É óbvio que quem faz isso se acha intocável. Mas o mundo dá voltas e hoje o senador está afastado de seu mandato e na iminência de ser preso. Mesmo destino dos também comandantes do golpe, Eduardo Cunha e Michel Temer.
Cunha, aliás, já foi condenado a 15 anos de prisão, depois de perder seu mandato de deputado federal. Temer, pego com a boca na botija, deverá sair do cargo e responder pelos crimes cometidos. Hoje, está cada vez mais claro que a saída Temer era, de fato, para ‘’estancar a sangria’’. Eis a maldição do golpe.
O destino de Aécio parecia estar selado. Investigado em 5 inquéritos no STF e com uma enorme lista de escândalos em sua biografia, tais como: Furnas, Lista da Odebrecht, Aeroporto de Cláudio, propinas da Petrobras. Com tantos escândalos, Aécio foi flagrado pedindo R$ 2 milhões em propina da JBS para, pasmem, defender-se das acusações de corrupção! E sua imagem derreteu. O tucano volta agora para o limbo da história política como o sujeito corrupto que quase chegou à presidência da república.
Em sua denúncia, Janot foi categórico: Aécio ludibriou os brasileiros. Diga-se de passagem, hoje é difícil encontrar alguém que afirme ter votado nele para presidente.
E segue a nossa política, dominada por interesses mesquinhos, e que permite que um país com o potencial gigante como o Brasil se transforme numa república bananeira. Só porque alguém quer encher o saco.
Assessoria Parlamentar
Foto: Gustavo Bezerra/PTnaCâmara