Deputados da oposição denunciaram em plenário a violência policial aos manifestantes que ocuparam Brasília nesta quarta-feira (24) contra as reformas Trabalhista e Previdência, contra o governo golpista de Temer e pelas Diretas Já. Os parlamentares também fizeram um apelo contundente para que a sessão fosse encerrada em solidariedade à democracia.
O deputado José Guimarães (PT-CE), líder da Minoria na Câmara, que foi agredido na manifestação, informou que mais de 100 parlamentares foram atingidos por bomba de gás e reforçou o apelo para o encerramento da sessão. “Foi uma agressão desmedida, jogaram bomba no carro em que estavam deputados e senadores, lá não estavam sindicalistas, trabalhadores ou representantes do movimento social. Eram só parlamentares. Então, não me venha com a história de que a agressão foi aos manifestantes. Não! A agressão foi a nós, em um claro desrespeito ao Parlamento brasileiro”, lamentou.
Indignado, Guimarães apelou: “Se isso aqui é democracia, tem que fechar esse Parlamento agora”. O líder da Minoria disse que os apoiadores do governo golpista não precisam concordar com o teor das manifestações. “Mas, se existe decência, apelo aos deputados do PSDB, do PPS e do DEM que concordem que é nosso direito exercer o nosso mandato e que encerre essa sessão”.
José Guimarães informou que vários deputados precisaram de atendimento médico e que um manifestante perdeu olho. “A força bruta não pode substituir a democracia no Brasil. É preciso ter limite. Fomos agredidos hoje. É uma questão de respeito à vida e à imunidade parlamentar. Essa sessão não pode continuar”, afirmou.
O líder da Minoria disse ainda que o que está em jogo nesse momento é o Parlamento brasileiro. “Mesmo quem não sabe conviver com a democracia precisa ter um gesto de solidariedade”, reforçou.
Os deputados Carlos Manato (SD-SC) e André Fufuca (PP-MA) insistiram que o clima no plenário era de normalidade, que a confusão era extra Câmara e que não suspenderia a sessão. Os deputados de oposição não se renderam e, com gritos de fora Temer, com cartazes pedindo Diretas Já, os parlamentares de oposição cercaram a Mesa Diretora e acabaram inviabilizando a continuidade da sessão. Sem alternativa, Fufuca suspendeu temporariamente os trabalhos.
Vânia Rodrigues