O governo Temer acabou. Mergulhado na corrupção, que dizia combater embora nela se refestelasse, o presidente ilegítimo agarra-se desesperadamente ao cargo que usurpou. Diante da grave crise econômica, política, social e moral que se aprofunda, ele busca uma saída para fugir de uma condenação – não a do povo, cujo julgamento implacável as pesquisas de opinião registram. Mas a da justiça comum, a quem responderá quando perder o foro privilegiado (esperamos que com amplo direito de defesa e o devido processo legal).
Sua queda ainda não ocorreu, apesar das crescentes manifestações populares pela sua saída, porque o bloco no poder está dividido. Uns, porque preferem sustentá-lo, pelo temor de serem preteridos por quem vier a sucedê-lo. Outros, porque avaliam que alguém seu lugar terá mais governabilidade num Congresso que começa a abandoná-lo.
Em comum, as classes dominantes, mesmo cindidas nesse momento quanto ao melhor caminho – jogar Temer no lixo ou reciclá-lo –, têm dois objetivos. O primeiro, crucial, dar continuidade às malsinadas reformas trabalhista e da Previdência, bem como prosseguir com as políticas de privatização, desnacionalização e redução do papel do Estado.
O segundo, unificar-se contra qualquer saída que implique a participação do povo. Como sempre, dentro da velha tradição das elites conservadoras, buscar as soluções de cúpula, os acordos por cima, os conchavos de gabinete. Ou seja, tudo menos eleições diretas.
Por isso, os partidos de esquerda, as frentes populares, as entidades sindicais, as juventudes, os intelectuais, todos e todas que defendem a democracia e não aceitam um segundo golpe estão ocupando as ruas. E vão continuar a fazê-lo de novo no dia 24 agora, em Brasília e em todo o País, pela saída de Temer, por diretas já e por nenhum direito a menos.
Como disse a direção do PT, em sua resolução de 18 de maio último, “não haverá saída democrática sem o voto universal, livre e direto. Qualquer tentativa de impor soluções sem novas eleições presidenciais diretas representará a continuidade do golpe contra a democracia.
Rui Falcão é presidente nacional do Partido dos Trabalhadores