Enio Verri analisa medidas econômicas de Temer: arrocho e abandono de medidas para crescimento

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Em artigo publicado no jornal O Globo, o deputado Enio Verri (PT-PR), analisa a situação da economia brasileira, que já enfrentava dificuldades sob um governo legitimamente eleito pelo voto popular, e que, na sua avaliação, tem um tenebroso 2017 pela frente. Para o deputado, o governo Temer aperta a mão no arrocho e abandona medidas urgentes para a retomada do crescimento e do desenvolvimento econômico.

“Ao contrário de arrocho, o fim da recessão exige uma nova política econômica que promova a retomada do consumo, da competitividade nacional, do desenvolvimento econômico, do aumento de emprego. Das incertezas de FHC para os bons rumos econômicos do governo Lula”, diz o texto.

Leia a íntegra:

Falta de perspectiva

Uma conjuntura econômica é determinada, no mais das vezes, por uma conjuntura política. A eleição de Donald Trump tirou os EUA do Acordo Transpacífico (TPP). No Brasil, vige um golpe de Estado. A Constituição de 1988 e a democracia foram suprimidas, com o referendo do Poder Judiciário. “Um tropeço da democracia”.

A economia brasileira, que já enfrentava dificuldades sob um governo legitimamente eleito pelo voto popular, tem um tenebroso 2017 pela frente. Não se encontra, em qualquer medida anunciada por Temer, algum alento nos planos nacional e internacional.

De forma equivocada, o governo Temer não confia e nem incentiva o setor produtivo. Toda sua política econômica é voltada para o setor especulativo. Privilegia-se o mercado financeiro interessado em adquirir recursos energéticos da nação, a preço de banana. Aos interesses do mercado interno, responsável pela geração de empregos, renda e crescimento, Temer propõe a estagnação, proibindo investimentos por 20 anos e precarizando as condições de trabalho.

Política sabuja que corrói a economia e aprofunda a recessão. A crise, que promulga o aumento do desemprego, chegou ao setor onde se identifica a sua mais extrema gravidade, o comércio de varejo. O ano de 2017 começou com cerca de 30% das mercadorias de 2016 encalhadas.

O governo anuncia a desaceleração da inflação como se fosse o resultado de uma acertada política econômica. Temer não explica à população que o recuo da inflação é devido ao baixo consumo provocado por 11,8% de desemprego. O governo Temer aperta a mão no arrocho e abandona medidas urgentes para a retomada do crescimento e do desenvolvimento econômico.

Necessita-se da mudança de mentalidade. Um dos caminhos é a readequação da política cambial, para dar competitividade à indústria nacional e ao agronegócio. Deve-se desvalorizar o real para reduzir a procura por importação da China e aquecer a produção nacional.

Fortalecer a competitividade nacional perante a concorrência internacional, com investimento econômico. O governo Temer, novamente, falha ao não consolidar política voltada aos pequenos e médios empreendedores, que empregam, geram renda e movimentam os municípios. Qual micro, pequeno ou grande empresário terá confiança para investir com a MP 766?

Ao contrário de arrocho, o fim da recessão exige uma nova política econômica que promova a retomada do consumo, da competitividade nacional, do desenvolvimento econômico, do aumento de emprego. Das incertezas de FHC para os bons rumos econômicos do governo Lula.

O caminho, com certeza, é o segundo. Mas, para percorrê-lo é necessário restaurar a democracia e as leis do país. Sob a atual conjuntura política, não há perspectiva de um 2017 economicamente positivo. Somente o voto popular direto pode dar as condições para as necessárias medidas de recuperação da economia brasileira.

Enio Verri é deputado federal (PT-PR)

Foto: Gustavo Bezerra
Mais fotos: www.flickr.com/photos/ptnacamara

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