Sociedade civil cobra agilidade na apuração de mortes na Amazônia

Os representantes da sociedade civil que participaram da comissão geral sobre violência e impunidade no campo, nesta terça-feira (7), foram unânimes na cobrança de rigor e agilidade nas investigações sobre os recentes assassinatos de lideranças ambientalistas e sindicais na Amazônia.

Além disso, os militantes defenderam políticas que promovam a ocupação e o desenvolvimento sustentável da região. “As políticas do Brasil estão direcionadas para 20% da Amazônia, que é a área onde ficam os desmatamentos. Mas não existem políticas eficazes para os 80% da Amazônia, que é onde está o extrativismo, onde está a política da sustentabilidade. É a ausência das políticas que faz a criminalidade correr solta no meio dessas populações”, disse Manoel da Cunha, do Conselho Nacional dos Seringueiros.

Carlos Walter Gonçalves, integrante da Comissão Pastoral da Terra (CPT), lembrou que apenas dois crimes contra lideranças populares da Amazônia, que alcançaram ampla repercussão no exterior, tiveram os seus mandantes condenados. “Quando a Amazônia vem à baila, os holofotes internacionais aparecem. O primeiro mandante de assassinato de trabalhador rural no Brasil mandado para a cadeia foi o Darly Alves, que matou Chico Mendes. O outro, que agora está preso, é o Bida, que matou a Dorothy Stang. Espero que não entremos na história pagando o mico de só estarmos mandando para a cadeia só quando o crime repercute internacionalmente”, apontou o Gonçalves.

Claudelice dos Santos, irmã de José Cláudio Ribeiro, ambientalista assassinado no último dia 24 de maio, expôs sua dor na comissão geral e criticou também a aprovação do Código Florestal. “Espero que todos os dias lembrem-se, nesta Casa, da lista de pessoas que estão marcadas para morrer. Vossas excelências sabem o que é ter um nome numa lista, dizendo que poderá morrer mais cedo ou mais tarde, que há uma pessoa te vigiando vinte e quatro horas para, na primeira oportunidade, te matar? Tenho certeza de que Vossas excelências não fazem ideia o quanto é triste para a família ter que aceitar isso. Peço a vossas excelências, encarecidamente, agilidade no processo de investigação. E também peço ao Senado Federal que não aprove essa vergonha do Código Florestal. Meu irmão morreu sem saber da aprovação do Código Florestal por esta Casa. Se ele estivesse vivo, não ia gostar nenhum pouco, nem minha cunhada”, declarou Claudelice.

A ministra da Secretaria de Direitos Humanos, Maria do Rosário, informou durante a comissão geral que várias pessoas que vivem nos locais onde aconteceram os recentes crimes devem ser incluídas nos programas do Sistema Nacional de Assistência a Vítimas e a Testemunhas Ameaçadas.

Para assistir ao vídeo da comissão geral, clique no link abaixo e selecione para reprodução, na grande da sessão, o trecho que se inicia às 15h26, quando o presidente da Câmara, deputado Marco Maia (PT-RS), iniciou a comissão geral.

http://goo.gl/mTLHO

Rogério Tomaz Jr.

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