O jardim botânico e a cidade – Ronaldo Zulke

Ronaldo_zulkeO despertar de minha consciência ecológica deu-se, principalmente, pela relação que construí com o Rio dos Sinos e seus problemas históricos. Mas minha cidade, que tem rio, não possuía um Jardim Botânico. Por isso, parte desta consciência floresceu com as visitas que fazia, quando mais jovem, ao Jardim Botânico de Porto Alegre, percebendo a vital importância de um espaço como este em uma grande cidade.

São Leopoldo não é, nem de longe, um município caracterizado por arranha-céus, mas já é capaz, juntamente com as cidades vizinhas, de destruir um rio. Ônus do crescimento econômico, aliado à ausência de mecanismos eficazes de fiscalização e de punição, a degradação ambiental, a poluição, o desmatamento e a morte de peixes são constantes no noticiário regional. Neste cenário, a notícia de que São Leopoldo terá um Jardim Botânico é muitíssimo bem vinda.

Trata-se de um oásis de esperança verde que se insurge em nosso cotidiano cinza de concreto, carros em excesso, poluição, desmatamento e degradação das águas. Localizado no Parque Municipal Imperatriz Leopoldina, o Jardim Botânico será um espaço de descobertas por meio de trilhas que cortam o que restou da Mata Atlântica, mas principalmente, um espaço de educação ambiental ao ar livre. A formação da consciência ecológica baseada na experimentação, no contato mais íntimo com a diversidade do ecossistema que compõe o seu espaço geográfico, fará surgir cidadãos mais sensíveis e preocupados com o meio ambiente.

Não por coincidência, a inauguração do Jardim Botânico ocorre no Dia Mundial da Água, uma data de reflexão sobre qual planeta, afinal, deixaremos para as gerações futuras. O Atlas Brasil, documento divulgado hoje pela Agência Nacional de Águas, mostra que até 2015 mais da metade (55%) dos municípios brasileiros poderá ter problemas no abastecimento de água. O País precisará investir pelo menos R$ 70 bilhões para garantir água de boa qualidade aos municípios até 2025, sendo que o aporte de quase 70% deste valor deverá ser destinado para a coleta e o tratamento dos esgotos a fim de resolver o problema da poluição nas fontes de abastecimento. Neste sentido, temos que destacar os esforços da prefeitura de Novo Hamburgo que, recentemente, deu início às obras que farão o índice de tratamento de esgoto saltar de 2% para 80% no município.

Pertencente agora ao seleto grupo de cidades brasileiras – e raras cidades gaúchas – que possuem um Jardim Botânico, São Leopoldo dá um sonoro grito contra o que poderia se tornar: mais uma selva de pedra, sem rio, sem mata, sem vida. Ainda há muito que fazer. Mas é, sem dúvida, inspirador para as lutas que travamos em favor do meio ambiente saber que São Leopoldo tem um Jardim Botânico. E que minha neta e demais crianças da mesma idade poderão frequentá-lo para formarem uma consciência ecológica em sua própria cidade.

Ronaldo Zulke – Deputado federal -PT -RS
Artigo publicado no jornal Vale do Sinos – Pedro Leopoldo (RS)

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