A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) vetará no Brasil, a partir do dia 30 de junho de 2012, a utilização do agrotóxico metamidofós. Após realizar vários estudos com o veneno, que já é proibido na União Europeia, o órgão constatou que o produto é altamente tóxico. No Brasil, o metamidofós é utilizado em culturas de algodão, amendoim, batata, feijão, soja, tomate para uso industrial e trigo.
A decisão da Anvisa foi tomada com base em um estudo elaborado pela Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz) que aponta os prejuízos do produto para a saúde humana. O metamidofós, segundo a Anvisa, mesmo em pequenas doses, provoca intoxicação e, a longo prazo, pode provocar danos ao processo de reprodução e também ao sistema nervoso, sobretudo do trabalhador rural, que tem contato mais direto com o veneno.
A medida, na avaliação do deputado Marcon (PT- RS), é acertada e demonstra a preocupação do governo brasileiro com a saúde da população e com o meio ambiente.
“Só podemos aplaudir atitudes como esta. O uso indiscriminado de determinadas substâncias no cultivo de alimentos é uma risco direto à saúde dos brasileiros”, destacou. De acordo com o parlamentar, em algumas situações, as famílias brasileiras levam para os seus lares alimentos que mais parecem venenos, devido ao excesso de agrotóxicos.
O produto já é proibido na União Europeia, China, Japão, Paquistão, Indonésia, Costa do Marfim e Samoa. “As empresas tentaram impedir pela via judicial o trabalho da Anvisa de reavaliação de 14 ingredientes ativos e não apenas do metamidofós. Tivemos que derrubar várias liminares, eles queriam manter os produtos como estão no mercado. Mas nós convencemos os juízes de que nossa razão de existir é esta”, conta o gerente geral de toxicologia da Agência, Luis Cláudio Meireles.
Em 2002, o produto já havia sido reavaliado pela Anvisa, que decidiu por excluir alguns cultivos da lista de culturas permitidas de serem tratadas com metamidofós.
Nessa ocasião, a Agência também proibiu a aplicação costal do produto, situação em que o trabalhador utiliza um borrifador instalado nas costas. De lá para cá, novos estudos foram feitos e a ciência comprovou que o veneno era mais tóxico do que se imaginava.
Além do metamidofós, outras oito substâncias utilizadas na agricultura estão sendo analisadas pela Anvisa.
Edmilson Freitas com agências