O resultado das urnas confirma: os brasileiros optaram por eleger um Parlamento com perfil nitidamente de centro-esquerda, com mais de 60% dos deputados ligados aos partidos da base de apoio do atual governo e igual percentual de senadores ligados ao projeto político implementado pelo Presidente Lula.
A vitória da candidata à Presidência Dilma Rousseff, no 1º turno, também demonstra a predisposição do eleitorado em dar sequência, no Executivo, a esse mesmo projeto que foi capaz de aliar desenvolvimento econômico e distribuição de renda em todas as regiões do país. Esse foi o principal motivo pelo qual, no voto, o Brasil impôs uma clamorosa derrota à agenda neoliberal firmada na gestão de FHC e que tem em José Serra a tentativa de sua retomada.
Neste momento, em que começam os debates do 2º turno da eleição presidencial, os brasileiros já criaram uma vacina contra essa tentativa, mesmo que improvável, de retomada dos princípios neoliberais, confiando ao Congresso a tarefa de evitar retrocessos na pauta econômica e social proposta pelo Presidente Lula. Ou seja, mesmo que o resultado final do pleito fuja da tendência natural de eleição de Dilma como a primeira mulher Presidente do Brasil, afinal só lhe faltam agregar cerca de quatro milhões de votos aos 47 milhões já alcançados no 1º turno, o Congresso Nacional será o guardião das conquistas sociais alcançadas pelos brasileiros nos últimos oito anos.
Além disso, esse perfil de centro-esquerda da futura legislatura do Parlamento nos permite, também, acreditar no avanço de importantes temas que hoje seguem travados, como a reforma política, devido o desinteresse e a força que têm hoje, principalmente no Senado, os partidos que representam a direita nacional, aglutinada principalmente no PSDB, no DEM e no PPS.
Por outro lado, a confirmação da eleição de Dilma como Presidente, associada a este novo perfil do Congresso Nacional, viabilizará avanços muito mais significativos e celeres do que aqueles já alcançados até o presente pelo Governo Lula. E, ao que tudo indica, os brasileiros não perderão esta oportunidade.
Marco Maia
(PT-RS), Vice-Presidente da Câmara dos Deputados.
