Indústria brasileira se recupera da crise mundial

praciano2Dois anos depois do recrudescimento da crise econômica global, o emprego na indústria brasileira avança na direção de retomar o nível registrado em setembro de 2008, quando houve recorde na criação de vagas. Um levantamento da Confederação Nacional da Indústria (CNI) aponta que 68,7% das fábricas brasileiras têm hoje quantidade igual ou superior de funcionários do que no período anterior à recessão.

Dos 27 segmentos pesquisados, 13 têm mais contratados do que na véspera do estouro da bolha. Os destaques são as áreas de fabricação de borracha, refino de petróleo e comunicação. As informações foram publicadas na edição de hoje do jornal Correio Braziliense.

Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a ocupação na indústria ficou, em julho deste ano, 1,9% abaixo da registrada em setembro de 2008. A pesquisa, entretanto, indica tendência positiva já que, no acumulado dos sete primeiros meses de 2010, o número de empregados no setor cresceu sucessivamente e gerou uma alta de 3,3%. O ritmo de contratações tem tudo para continuar a crescer, mesmo que de forma mais lenta, principalmente até outubro, período no qual alguns segmentos aceleram a produção para as vendas de Natal.

Para o deputado Francisco Praciano (PT-AM), membro da Comissão de Desenvolvimento Econômico, Indústria e Comércio da Câmara, a recuperação rápida da indústria brasileira “tem uma explicação muito simples”. “Com a crise, o presidente Lula não mudou a polícia econômica. Pelo contrário, ele continuou com o PAC, criou o programa ‘Minha Casa, Minha Vida’, aumentou o crédito popular, reduziu o IPI de carros e produtos de consumo popular. O governo manteve a política de incentivar o consumo e manter o investimento. Esse foi o grande trunfo do presidente Lula”, disse.

Praciano afirmou ainda que o governo federal demonstrou confiança no consumidor e na indústria nacional. “Além de uma política econômica acertada, o governo manteve o crédito. Estimulou a credibilidade interna e externa porque percebeu que aquele era um momento de se manter e até mesmo aumentar o consumo. Enquanto o mundo começou a comprar menos, o brasileiro manteve seu consumo em alta por conta da política de crédito”, disse.

Para o gerente executivo de Política Econômica da CNI, Flávio Castelo Branco, pode-se considerar que, na média, “o emprego na indústria está recuperado”. O economista do Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) Sérgio Mendonça confirma o rápido ressurgimento. “Na época da crise, falava-se que a retomada ocorreria em meados de 2011, mas os números atuais indicam que isso pode ocorrer antes, talvez até o último trimestre deste ano”, sugere.

O economista Rogério de Souza, do Instituto de Estudos Para o Desenvolvimento da Indústria (Iedi) concorda: “Apesar da desaceleração produtiva entre abril e junho, o emprego continuou a crescer. Se mantiver as taxas atuais, é provável que até o fim do ano a mão de obra industrial esteja completamente recuperada”.

Enquanto o emprego levou quase dois anos para reagir, a produção, que sofreu um tombo de 20,6% no último trimestre de 2008, recuperou o nível de volume produzido antes da crise em março de 2010, após registrar um pequeno crescimento (0,3%) já em janeiro. O impulso, nesse caso, veio da forte expansão econômica.

Na avaliação de Fernando Abritta, economista do IBGE, o emprego costuma responder mais lentamente, tanto no caso de aumento como na queda do ritmo de atividade. “Além disso, as indústrias podem otimizar o serviço e produzir mais com uso de tecnologia, sem necessariamente contratar”, explica.

Os resultados por região são igualmente expressivos, segundo o levantamento. Nove das 14 localidades pesquisadas pelo IBGE superaram a produção de setembro de 2008. Além disso, a produção em julho de 2009 foi superior em 11 dos 29 segmentos aferidos pelo instituto, com destaque para a indústria de bebidas (20%) e de alimentos (8,3%).

Sérgio Mendonça, do Dieese, atribui o bom desempenho da indústria da alimentação ao aquecimento do mercado interno, que foi capaz de manter alta a demanda ao segmento. Já o economista Fábio Romão, da consultoria LCA, prevê que o emprego na indústria continuará a crescer, porém em um ritmo menor que o dos últimos meses. Um indício desse arrefecimento veio com a divulgação da Pesquisa Mensal de Emprego (PME), segundo a qual o estoque de profissionais ocupados em agosto na indústria cresceu 2,9%, ante os 7,1% registrados em julho. “A desaceleração pode estar ligada ao fato de a indústria, na maioria de seus subsetores, já ter recomposto as perdas motivadas pela crise.”

Equipe Informes, com informações do Correio Braziliense

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