O líder do PT na Câmara, Fernando Ferro (PT-PE), e o deputado Nilson Mourão (PT-AC) contestaram hoje novas declarações preconceituosas do candidato do PSDB à Presidência, José Serra, contra a Bolívia e seu presidente, Evo Morales, que é acusado por ele de “frouxo” no combate ao narcotráfico.
Para o líder da bancada petista, as declarações de Serra são irresponsáveis e preconceituosas. “É lamentável que o candidato tucano esteja mal informado, mal assessorado e, talvez, mal intencionado”, disse. Ele assinalou que o tucano desconhece a realidade dos institutos que lidam com a questão do narcotráfico e informações policiais.
Na avaliação de Nilson Mourão, o tucano demonstra antes de mais nada a falta de compromisso com a integração sul-americana. “As diferentes manifestações do candidato Serra tem demonstrado seu desconhecimento da América do Sul, particularmente de todas as iniciativas de combate às drogas. Ele já se manifestou contra o Mercosul, Venezuela e Bolívia, numa demonstração clara de que não tem compromisso com a política de integração sul-americana”, declarou.
A Chancelaria da Bolívia divulgou ontem uma nova nota rechaçando declarações do candidato à presidência pelo PSDB. Na nota, o Ministério das Relações Exteriores boliviano “lamenta ter que voltar a se referir a novas declarações desafortunadas” do político. Ainda segundo a nota, as declarações de Serra, são “infundadas e carentes de veracidade”, e refletem o desconhecimento de Serra sobre os esforços da Bolívia na luta contra este crime.
História – Em maio, Serra acusou o governo de Morales de ser “cúmplice” do tráfico de drogas internacional. Na época, a chancelaria da Bolívia emitiu uma nota tachando as acusações do candidato de “inescrupulosas”. Posteriormente, o tucano acusou o país de fazer “corpo mole”.
Em respostas às acusações, o ministério enfatizou que “ratifica o compromisso assumido de luta frontal contra o tráfico ilícito de drogas” do governo boliviano e lembrou que essa tarefa “é de inevitável responsabilidade compartilhada por parte de todos os países”.
Serra chegou a afirmar – sem mostrar de onde tirou a informação – que mais de 80% da cocaína que entra no Brasil provém da Bolívia.
De acordo com o último relatório do UNODC (United Nations Office on Drugs and Crime), de 2009, a Bolívia é apenas o terceiro cultivador de folha de coca, da qual é feita a cocaína. Em primeiro lugar está a Colômbia (81.000 hectares), seguida do Peru (56.000 hectares). A Bolívia tem em torno de 30.500 hectares. Assim, Colômbia e Peru cultivam 4,5 vezes mais folha de coca que a Bolívia.
Edmilson Freitas com Agências
