PIB per capita do Brasil deve ter o maior crescimento de duas décadas e chegar a US$ 10 mil

 

26-04-10-chinaglia-D1A economia brasileira está próxima de alcançar a marca de US$ 10 mil de renda per capita, segundo projeções de economistas e dados oficiais tabulados pelo portal iG. Com a expectativa de apresentar o maior crescimento das últimas duas décadas e meia, o Brasil deve se colocar acima da média mundial do PIB per capita – resultado da divisão entre as riquezas produzidas por um país e sua população.

Ao atingir o novo padrão de renda, uma classe média emergente começa a mudar o perfil da economia brasileira, com o setor de serviços ocupando mais espaço, em detrimento da indústria, segundo dizem economistas. Essa mudança estrutural deve acelerar o ritmo de expansão econômica, a exemplo do que aconteceu com países desenvolvidos, como Estados Unidos e Japão, décadas atrás.

Estimativas da LCA Consultores mostram que, em 2020, o PIB per capita deve dobrar, atingindo a casa dos US$ 22,7 mil. Os Estados Unidos, que bateram os US$ 10 mil per capita em 1978, dobraram a renda exatamente dez anos mais tarde, enquanto o Japão precisou de apenas quatro anos para o PIB per capita saltar de US$ 10,8 mil em 1984 para US$ 23,9 mil em 1988.

Depois de alcançar um PIB per capita de R$ 16.414 – o equivalente a US$ 8.220 no fim do ano passado – o Brasil deve atingir PIB per capita de quase R$ 17,5 mil, que, dividido pela cotação do dólar esperado para o fim do ano, chegará aos US$ 10 mil nos próximos meses. A expectativa é de que essa mudança de patamar ocorra até o fim do ano, ou no início de 2011.

O Brasil deve encerrar 2010 com um PIB projetado de R$ 3,22 trilhões (o 8º maior do mundo) e uma população por volta de 193,3 milhões de habitantes (a 5ª maior do mundo). A Secretaria de Política Econômica do Ministério da Fazenda projeta crescimento da renda per capita em 5,5% neste ano, o maior desde 1985.

Na avaliação do deputado Arlindo Chinaglia (PT-SP), o estudo demonstra a solidez da economia brasileira e reforça a ideia que o país caminha para ser a quinta economia mundial. “Esse estudo revela ainda um cenário favorável no qual há a combinação de crescimento econômico com distribuição de renda e melhoria de consumo a partir de setores da sociedade que estão ascendendo socialmente”, disse.

Serviços – Com uma população com renda média superior a US$ 10 mil anuais, o setor de serviços ganha mais peso no desenho econômico brasileiro, já que as famílias passam a ter mais opções de gastos com consumo de produtos e serviços mais sofisticados. Pesquisa realizada pela financeira do banco francês BNP Paribas mostrou que os gastos da classe C com vestuário são duas vezes maiores que os da classe D e E, enquanto as despesas com pagamento de prestações chegam a ser três vezes maiores entre uma classe e outra.

“Quando as pessoas têm uma renda baixa, usam pouco serviço. Conforme a renda aumenta, a participação do serviço aumenta na cesta de consumo”, diz o economista-chefe da LCA Consultores, Bráulio Borges.

Para o deputado Arlindo Chinaglia, com as atuais projeções, “muito do que se disse até agora seguramente deverá ser revisto”. “Ou seja, é verdade que a indústria ainda é o melhor emprego, mas o cada vez mais o setor de serviços terá condições de oferecer empregos de qualidade. Deve-se destacar ainda as descobertas de petróleo no pré-sal, o que reforçará o caráter diversificado da economia brasileira”, disse.

Despesas – Dados da Pesquisa de Orçamento Familiar (POF), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), mostram que as despesas de consumo das famílias brasileiras chegaram à média mensal de R$ 2.134,77. Os gastos com habitação lideram a lista, com 35,9% do total, seguidos por alimentação (19,8%) e transporte (19,6%).

O consumo das famílias, que respondeu por 4,1% do PIB em 2009, está em franca ascensão. Segundo a LCA, neste ano, as famílias consumirão 6,4% do PIB – algo em torno de R$ 230 bilhões. Para 2020, os números devem chegar a R$ 467 bilhões (praticamente o PIB da África do Sul em 2009).

O impacto disso é claro: o Brasil tem hoje mais de 70 milhões de usuários de internet, movimentando R$ 10,6 bilhões em comércio eletrônico. São mais de 53 milhões de televisores, 23 milhões de máquinas de lavar, 2,5 milhões de veículos novos emplacados por ano e 175 milhões de telefones celulares.

Embora apresente um número vistoso, o PIB per capita brasileiro pode não captar a desigualdade na distribuição da renda, já que o resultado é a divisão da riqueza produzida pelo número de habitantes. O Estado de São Paulo, por exemplo, tinha, em 2008, PIB per capita de R$ 22,6 mil (US$ 9,67 mil), enquanto, no Piauí, a renda era de R$ 4,6 mil (US$ 1,96 mil) – equivalente ao PIB per capita da Mauritânia.

Distribuição de renda – Na avaliação dos economistas consultados pelo iG, o Brasil concilia um período de crescimento econômico com melhor distribuição de renda – algo difícil de ser observado. “A expansão desta década de 2000 tem feito com que a pobreza caia e, com isso, há uma mudança no perfil da distribuição de renda”, diz Jorge Abrahão de Castro, diretor de Estudos e Políticas Sociais do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea).

Estudo realizado pelo próprio Ipea mostra que, em 30 anos, a transferência de renda saltou de 8% para 20% de participação no rendimento familiar do brasileiro. “Muito se fala do Bolsa Família, mas a maior transferência que se faz no Brasil é para aposentados e pensionistas, com mais de 15% do PIB”, diz Bráulio Borges, da LCA.

Outro ponto importante destacado pelos economistas é o aumento real do salário mínimo, que ampliou o poder de compra das famílias. “É um ciclo virtuoso: a melhoria da renda dos mais pobres aumenta o consumo e isso tem um efeito multiplicador no espaço econômico, principalmente, no mercado interno”, afirma Castro.

Equipe informes com agências

 

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